São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994 |
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Mundo real De todas as dificuldades na transição à nova moeda, muitas das quais ainda por resolver, a situação dos bancos é a que talvez esteja mais indefinida. Afinal, para preços, salários, aluguéis ou câmbio é possível determinar uma regra. Critérios de cálculo de médias, por exemplo. Mas não há algo semelhante para os bancos. A taxa de juros, o preço da "mercadoria" com que trabalham os bancos, obedecerá à lógica da política macroeconômica, não simplesmente à do ajuste setorial no mercado financeiro. Um preço importante para os bancos, entretanto, são as tarifas cobradas por serviços como a emissão de extratos, cobranças ou a confecção de talões de cheques. O governo dá sinais de que, nesse caso, a liberalização das tarifas será a regra. Pode-se esperar um aumento importante, mas, como os bancos se diferenciam muito em termos de tamanho, regiões de atuação e prioridades de negócios, parece por enquanto difícil imaginar que nível de tarifas afinal se efetivará. Entre as prioridades macro e os desafios micro, o destino dos bancos parece portanto ainda envolto numa incerteza que nenhuma regra poderá, a priori, esclarecer. O desafio maior, entretanto, será a capacidade dos bancos de obter de fato uma maior eficiência, como de resto já o faz a maior parte do setor privado. Afinal, se, como é esperado, vier a estabilidade da moeda, terá chegado o fim da era de ganhos fáceis para o setor financeiro. De meros –e muito, muito bem pagos– intermediários no giro da dívida pública, espera-se que os bancos passem finalmente a exercer sua tarefa precípua de fornecer crédito para atividades produtivas. Espera-se, enfim, que as instituições financeiras tornem-se empresas do mundo real. Texto Anterior: São Paulo lá Próximo Texto: Seguro, pero no mucho Índice |
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