São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
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Crítica é `picuinha', diz petista

HELCIO ZOLINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Belo Horizonte (MG) que as críticas que estão sendo feitas contra ele "são picuinhas de campanha".
Segundo o dicionário "Aurélio", a palavra picuinha pode ser usada como sinônimo de provocação, pirraça.
O candidato do PT se referia à polêmica criada em torno da defesa que fez do uso de equipamentos de sindicatos em sua campanha, prática proibida pela lei eleitoral.
Seu adversário do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, usou a mesma expressão para pedir que o debate se travasse no campo das propostas de governo.
"É muito mais um preconceito e uma prevenção ideológica do que efetivamente um crime político", disse Lula sobre as críticas ao seu ponto-de-vista.
Segundo o petista, o assunto por encerrado até o momento em que voltar a uma porta de fábrica.
"Ai se tiver carro de som, subo de novo. Não quero saber de quem é o carro. Se não for roubado, não tem problema", disse.
Para Lula, "é uma hipocrisia da imprensa brasileira achar que utilizar carro de som é uma doação".
Ele mandou também um recado ao advogado do PT Luiz Eduardo Greenhalgh, que seria contrário à utilização do carro de som.
"O país com que sonho e no partido que pertenço cada um fala o que bem entende e tem responsabilidade pelo que bem entende. Ele analisa as coisas como advogado e acho que pode ter um pensamento diferente do meu".
Lula afirmou que a "lei é interpretada diferentemente por muitos advogados". Segundo ele, "se você colocar 50 advogados numa sala, possivelmente cada um terá uma interpretação de uma lei".
"O que não concordamos é que a lei tenha sido interpretada de forma rígida", disse.
Lula comentou a declaração do procurador-geral da República, Aristides Junqueira, de que o candidato que infringir a lei poderá ter seu registro cassado.
"Ele não precisa falar isso. Qualquer ser, mais ou menos inteligente, sabe que quem descumprir a lei pode sofrer punição pela lei".

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