São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
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Junqueira quer que TSE tire dúvidas

Manual vai orientar procuradores

<FT:"MS SANS SERIF",SN>DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A lei Eleitoral (8.713/93) tem tantas falhas e tem tantas brechas que o procurador-geral da República, Aristides Junqueira, decidiu pedir ao TSE a elaboração de resoluções para tirar todas as dúvidas.
Os 27 procuradores eleitorais do país discutiram durante dois dias, em Brasília, a necessidade de se reparar com urgência a lei eleitoral.
Estudo do Conselho Federal de Contabilidade revelou que a lei permite fraudes tributárias, fiscais e financeiras.
A partir da investigação, foi preparado um manual de procedimentos contábeis para as eleições.
Soluções para impedir irregularidades foram propostas pelo conselho. O Ministério Público Eleitoral pretende adotar o manual na.
Junqueira disse que vai enviar o documento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para disciplinar os pontos falhos.
O procurador eleitoral do RJ, Alceu Molina, disse que esta vai ser a eleição mais fraudada da história.
Estudando artigos como o que disciplina gastos de campanha, os procuradores apresentaram suas dúvidas.
Uma das situações expostas foi a possibilidade de recebimento de propina através de alta avaliação de bens pagos pelo partido.
Por exemplo: um candidato recebe doação de uma Kombi zero quilômetro no início da campanha e roda cem mil quilômetros.
A lei não diz como estimar o valor da Kombi antes e depois, com quem fica o carro quando acabar a eleição nem como impedir o partido de supervalorizar o carro para embolsar dinheiro.
Ombudsman
A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) vai instituir a figura do ombudsman para acompanhar a cobertura da imprensa na campanha eleitoral.
Junqueira aprovou a idéia. Disse que vai recorrer ao ombudsman sempre que tiver dúvidas sobre o comportamento da mídia na cobertura das eleições, embora ele não vá ter qualquer vínculo formal com a Procuradoria.
A única restrição feita por Junqueira é quanto à imparcialidade do ombudsman. "Deve ser uma pessoa desligada de partido político, com a única responsabilidade de fiscalizar a imprensa", disse.`
O ombudsman vai ser indicado pela Fenaj. Não será, necessariamente, um jornalista. Cada Estado vai contar com um representante para informar ao ombudsman sobre o andamento das campanhas locais.
A Fenaj está negociando com os 11 partidos aptos a lançar candidato à Presidência a ocupação de três minutos no horário eleitoral gratuito na TV para a manifestação do ombudsman.
(Daniela Pinheiro)

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