São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nova moeda chega com alimento em baixa

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O real será introduzido no momento em que a boa safra está chegando ao mercado consumidor. Os preços de alimentos vêm andando abaixo da URV desde meados de março.
A partir de agosto, na entressafra, é possível que ocorram altas de preços moderadas em alguns produtos que precisarão ser importados. Mesmo nesses casos, entretanto, a alta pode não ocorrer.
No momento, explica o economista Guilherme Dias, presidente da Fipe, os preços internacionais estão de 20% a 30% acima dos internos. Casos do milho e arroz, que o Brasil precisará importar.
Os preços internos desses produtos tenderão a subir até o patamar dos internacionais, mas essa subida se distribuirá ao longo do trimestre julho/setembro.
O estudo da MBA, entretanto, mostra que os preços internacionais estão em queda, dada a expectativa de uma boa safra nos Estados Unidos. Maior do mundo, a safra norte-americana determina os preços mundiais.
Dias esclarece que apenas a região Centro-Sul vai passar a importar aqueles produtos a partir de setembro.
O Nordeste, por exemplo, já importa, porque é mais barato comprar produtos dos Estados Unidos que do Rio Grande do Sul.
Por outro lado, na época do Plano Cruzado apenas o governo, com sua habitual ineficácia e custos altos, podia importar produtos agrícolas. A importação agora é livre. Qualquer supermercado pode fazê-la.
Tudo considerado, os economistas dizem que, desta vez, o setor agrícola não será o vilão do plano de estabilização.
Se não houver explosão de consumo, haverá alimentos em quantidade e preço estável.
Mesmo assim, o preço da carne de boi vai subir, com ou sem real, com ou sem pressão dos supermercados. O preço atual, de US$ 16 a arroba (15 quilos), é o mais baixo dos últimos quatro anos.
Não pode permanecer nesse patamar, comenta Guilherme Dias, mesmo porque há uma crise do setor, com a quebra de frigoríficos. Em outras ocasiões, o preço já chegou a US$ 23 a arroba.
Vai haver, portanto, uma inflação do boi depois do real. Não deve ser tão desastrosa quanto foi no Plano Cruzado, pois o crescimento do consumo agora deve ser menor.
(CAS)

Texto Anterior: Procon defende regra para planos de saúde
Próximo Texto: Supermercado pode forçar alta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.