São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
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Bruna Lombardi faz reverência ao "buda" Bernardo Bertolucci

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Programa: Gente de Expressão
Apresentadora: Bruna Lombardi
Entrevistado: Bernardo Bertolucci
Reapresentação: hoje, às 13h30
Emissora: Rede Manchete
Ao fim de sua entrevista com Bernardo Bertolucci, Bruna Lombardi junta as mãos para agradecer, como se estivesse na frente do próprio Buda. Ele faz cara de sem-graça.
O diretor italiano passou a entrevista toda falando da anulação do ego, da compaixão. Coisas que disse ter aprendido com Dalai Lama e os budistas, enquanto filmava "O Pequeno Buda".
Bertolucci não chegou a se tornar um monge por ter feito esse filme. Mas com certeza a experiência não passou em brancas nuvens. Não é à toa que fez cara de sem-graça.
Bruna Lombardi não fez filme sobre o budismo e nem precisava ter feito. Mas poderia aproveitar esta entrevista para mudar a abertura de seu programa.
O jornal que leio, os discos que ouço, meu computador –enfim, meu mundo e nada mais é o que se vê na abertura de "Gente de Expressão".
Quanto à entrevista, Bruna continua com o olhar sério e o tom coloquial que já se tornaram sua marca registrada. Os mesmos que usa para perguntar "Sempre livre?" em comercial de absorventes íntimos.
Isso não é ruim. Foi com essa compostura informal que Bruna conseguiu arregimentar seus fãs.
Pena que muitas vezes a coloquialidade fique só no tom. Volta e meia Bruna interrompe Bertolucci com perguntas prontas que não têm nada a ver com o que o entrevistado estava falando.
Além disso, para não sumir da tela, Bruna intervém com frases do tipo "o consumismo vencerá" ou "a utopia tinha acabado".
Essas máximas têm, na entrevista, a equivalência de um
"hã hã". São pura função fática, uma maneira de fazer o outro continuar falando e ao mesmo tempo se fazer presente.
Tentar preencher a função fática com "conteúdo" em geral dá em frases feitas desse tipo. "Hã hã" fica muito mais coloquial e também pode ser sério.

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