São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994 |
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Conflito marca relação com capital
FERNANDO MOLICA
Governador do Rio Grande do Sul, encampa duas empresas de capital norte-americano. A expropriação da subsidiária da Bond & Share, empresa de energia elétrica, ocorre em 13 de maio de 1959. A partir daquele dia, o governo do Rio Grande do Sul se tornava proprietário da empresa pagando a seus antigos donos a quantia simbólica de Cr$ 1,00. O salário mínimo na Grande Porto Alegre era, então, de Cr$ 5 mil. Para justificar seu gesto, Brizola alega que a empresa só se dispunha a investir na ampliação da capacidade elétrica do Estado caso este renovasse sua concessão por mais 35 anos. Três anos depois, ao avaliar que a Companhia Telefônica Rio-Grandense, subsidária da ITT, estava protelando as negociações para a constituição de uma nova empresa de comunicação no Estado, Brizola repete a receita aplicada no caso Bond & Share. As "perdas internacionais" a que Brizola tanto se referiu na campanha presidencial de 1989 tinham o nome de "processo espoliativo" à época em que encampou as empresas americanas. Em mensagem à Assembléia Legislativa em 21 de abril de 1962, Brizola culpava o tal "processo espoliativo" por uma série de males que afligiam o país, entre eles, a inflação. Para ele, haveria no Brasil uma "contínua e incessante" transferência de renda de regiões mais pobres para outras mais desenvolvidas. Em uma segunda etapa, a renda de países como o Brasil iria para "economias dominantes através das corporações econômicas internacionais". Segundo Brizola, todas as teorias até então formuladas para explicar o surto inflacionário tinham sido desmentidas "quando postas em prática pelos governos dos países em que o dispositivo de espoliação está implantado". A conceituação deste processo espoliativo reforçava as convicções nacionalistas de Brizola. Em 1949, Brizola condena a possibilidade de a Standart Oil explorar petróleo no Brasil. No dia 27 de abril do mesmo ano, ao comentar, na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, a greve de trabalhadores da Companhia Carris Porto-Alegrense, ele ressalta a origem estrangeira da empresa: "Enquanto inúmeras pessoas são vitimadas fatalmente por este péssimo serviço de transportes (...), estes norte-americanos, que têm a concessão dos serviços (...), tomam uísque geladinho, descansadamente...", declara. Texto Anterior: Briga com a Globo é de 55 Próximo Texto: A TRAJETÓRIA DE BRIZOLA Índice |
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