São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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Prevenir é melhor

A condução das medidas acessórias que acompanham a introdução de um novo plano econômico são sempre um importante indicador das suas chances de sucesso. Nesse sentido, se se efetivar nos próximos dias a redução de alíquotas de importação para alimentos e produtos de higiene e limpeza, o governo dará um passo positivo na direção de conter a elevação de preços dos bens de consumo básico, e colaborando para que se obtenha um maior grau de sucesso na atual tentativa de estabilização.
Essa faixa de bens é aquela na qual provavelmente haverá o maior crescimento de demanda, pois esses produtos têm um grande peso na cesta de consumo das classes de mais baixa renda. Para essa faixa da população, com restrito acesso aos instrumentos financeiros, a queda da inflação implicará algum aumento de poder aquisitivo, já que os salários mantidos em dinheiro sofrerão menor desvalorização no decorrer de cada mês.
Além de auxiliar na contenção dos preços, a possibilidade de importar produtos alimentares e artigos de higiene e limpeza com menor incidência de impostos é também uma garantia contra uma eventual escassez, se vier, como se espera, a estabilização da moeda. A especulação que aparentemente começa a ocorrer no mercado de carne bovina e a oligopolização no setor de higiene e limpeza justificam ainda mais as medidas.
A condução acertada de providências que visem a adequar o ambiente de mercado ao objetivo da estabilização terá cada vez maior relevância. No delicado período de implantação de um novo plano econômico e no agressivo clima político de vésperas de eleição, as ações do governo terão um impacto redobrado, tanto na opinião pública, quanto na formação de expectativas dos agentes econômicos.

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