São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994
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Lula usa 'fantasma' de Collor na campanha

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Fernando Collor de Mello foi o nome mais utilizado ontem por Luiz Inácio Lula da Silva para pedir votos à sua candidatura presidencial.
Em campanha numa região do interior paulista em que foi derrotado por Collor no segundo turno da eleição de 89, Lula citou o ex-presidente da República em todos os debates que teve com empresários.
O tom agressivo foi mantido nas etapas seguintes da caravana eleitoral, em Catanduva e Rio Preto.
A citação constante de Collor não foi casual. Lula aposta no sentimento do arrependimento do eleitorado que sufragou seu adversário em 89 e quer se aproveitar de uma espécie de "revanche".
O PT preferiu investir em contatos com empresários urbanos e rurais no atual périplo pelo interior paulista.
O objetivo é, segundo as palavras de Lula, "evitar o terrorismo" de que se julgou vítima na campanha de 89.
Nas conversas com usineiros, fazendeiros e comerciantes, as críticas de Lula a Collor têm sido acompanhadas de aplausos.
O objetivo de acalmar o setor tido como refratário à sua pregação passsou pela promessa de, se eleito, lutar para evitar a taxação, considerada excessiva, do governo dos EUA para permitir a importação do suco de laranja do Brasil.
A promessa foi feita num debate com citricultores, em Bebedouro.
A repercussão da declaração entre os empresários foi negativa. O presidente da Associação Paulista de Citricultores, Osório Costa, disse que o discurso do petista não contemplou os problemas locais.
Lula voltou a defender a realização de uma reforma agrária e criticou o ex-ministro da Agricultura, Antônio Cabrera.
"Ele desmontou a agricultura e agora vai coordenar a aárea de política agrícola do Fernando Henrique (do PSDB) ", declarou.
Anteontem à noite em Barretos, a discussão sobre a política agrária do PT fez Lula passar por um momento de constrangimento no jantar com empresários locais.
Suas propostas foram bombardeadas por fazendeiros. Os momentos mais tensos foram proporcionados por Gabriel Carvalho Dias, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barretos.
Depois de se apresentar como proprietário de 3.500 hectares que paga "apenas" CR$ 18 mil de Imposto Territorial Rural, Dias despejou as críticas ao petista.
Dias falou por 40 minutos. O fazendeiro declarousua incredulidade sobre a proposta de Lula para reforma agrária. "O senhor é que deve estar preocupado, não os fazendeiros. É uma reforma agrária difcil de fazer".

Colaborou a Folha Norte

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