São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994
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OMS valoriza fidelidade no combate à Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Hiroshi Nakajima, 66, disse ontem em São Paulo que a "fidelidade é mais importante que o preservativo" na prevenção da Aids.
A OMS é o mais importante órgão internacional na área da saúde. A afirmação de Nakajima contraria a orientação da maioria das entidades governamentais e não-governamentais que trabalham com a prevenção do HIV.
O uso da camisinha vem sendo pregado como o melhor meio de se evitar a Aids.
Nakajima disse também que a educação e informação devem vir em primeiro lugar. E que a OMS está priorizando mulheres e crianças vítimas da doença.
O diretor da OMS veio ao Brasil para participar da abertura do Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, ocorrida ontem no Pavilhão da Bienal.
Um dos temas do congresso e do pronunciamento de Nakajima era o "atendimento médico no ano 2000". Segundo ele, a tendência em um futuro próximo é de que as internações hospitalares se restrinjam aos casos mais graves.
Graças às novas tecnologias, a maioria dos pacientes será atendida em ambulatório ou hospital-dia.
Outra tendência é a responsabilização das pessoas por sua própria saúde, o que deve diminuir o número de doentes e doenças. Nakajima citou a diminuição do fumo, do álcool e a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Na entrevista, o diretor da OMS defendeu um sistema misto de atendimento à saúde, onde governo e iniciativa privada dividam as responsabilidades.
"Muitos governos estão dando provas de que não têm condições de arcar com todo o sistema de saúde", afirmou. "É preciso encontrar formas de co-financiamento e descentralização do sistema."
Nakajima disse que não sabia dos cortes feitos pelo governo brasileiro no orçamento da Saúde –de US$ 14 bilhões para US$ 9 bilhões– nem da falta de médicos e materiais nos hospitais de São Paulo.

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