São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994 |
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Muro começou a cair em 58
ALBERTO HELENA JR.
Os soviéticos ganhavam a corrida espacial com o lançamento do primeiro satélite orbital, o Sputnik, e, dizia-se, nos secretos laboratórios dos Urais desenvolvia-se uma tecnologia tão espantosa que os futuros senhores do mundo seriam campeões em tudo. Até mesmo no futebol, campo em que eles até então não haviam passado de meros mujiques. Os russos chegaram, e a pacata Suécia, sede do Mundial, entrou em pânico. Eles traziam fórmulas secretíssimas de condicionamento físico de seus jogadores, que os transformariam em super-homens da noite para o dia. No plano tático, estudaram cada gesto e cada movimento. Dizem até que telepatas treinados com astronautas estariam a postos para ler o pensamento dos adversários. E tudo começou a funcionar dentro do programado, até que, no terceiro jogo, a União Soviética cruza com o Brasil. Acionados todos os esquemas, bola com Garrincha na direita, três russos enfileirados à sua frente. Zap, os três no chão e bola na trave. Repete-se a cena, logo em seguida, gol de Vavá. E mais uma vez: gol de Vavá. E quantas vezes mais a bola rolasse aos pés de Garrincha, aquele que não passara sequer num exame psicotécnico feito pelo psicológo da seleção, Ataliba Nogueira, tantas vezes os russos e toda sua tecnologia terminavam no chão. Acho que foi nesse dia que o tal Muro começou a cair. Mas ninguém percebeu. Texto Anterior: Equipe critica EUA sobre vistos Próximo Texto: Futebol quer atacar; NBA quer retranca Índice |
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