São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Aparelho põe coordenadas dentro do bolso

DA REPORTAGEM LOCAL

Aparelhos põe coordenadas dentro do bolso
Um aparelho do tamanho de uma calculadora de bolso revolucionou a confecção de mapas. Seu nome: GPS, sigla em inglês para sistema de posicionamento global.
Para se localizar na superfície da Terra, o homem sempre usou o Sol ou as estrelas. O GPS usa, no lugar das estrelas, uma constelação de satélites.
"A vantagem é que com o GPS não dependemos de um céu aberto para descobrir as coordenadas e a atitude de um ponto", diz Mário de Biasi, do Departamento de Geografia da USP.
Antes era preciso observar a órbita dos astros e, através de instrumentos como sextantes e teodolitos, deduzir as coordenadas geográficas e a altitude do ponto.
O GPS faz o papel de sextame e de teodolito ao mesmo tempo.
Foi graças a um aparelho de GPS que o explorador italiano Reinhold Messner e o alemão Arved Fuchs cruzaram a Antártida a pé em 1989.
No mostrador do aparelho aparecem por escrito as coordenadas e a altitude, obtidas através dos sinais que recebe dos satélites (veja ilustração acima).
"O sistema passou a ter ampla divulgação desde 1974", escreveram os pesquisadores José de Andrade e Denizar Blitzkow em trabalho sobre o GPS.
Na configuração final, em implantação por instituições de pesquisa e defesa dos EUA, 21 satélites (mais 3 reservas) distribuídos em 6 órbitas cobrem permanentemente qualquer ponto do planeta.
A precisão desses aparelhos varia com a qualidade do sinal recebido e com o número de satélites que conseguem captar (quanto mais, melhor).
Para aplicação civil, o governo dos EUA não liberou o sistema e garante uma precisão instantânea de centímetros na altitude.
Era com um sistema desses acoplado a um mapa de bordo que as bombas atingiam a chamada "precisão cirúrgica" durante a Guerra do Golfo (1991).
Mesmo assim é possível atingir essa precisão realizando medições comparativas, embora não em tempo real.
Para atingir a precisão de centímetros, é necessário um aparelho GPS não-portátil, que fica fixo em estação de coordenadas e altitudes conhecidas.
Para calcular a posição exata do aparelho portátil, basta verificar suas coordenadas e altitude em relação ao ponto fixo.
No Brasil, o sistema é usado desde 1990. O IBGE tem um projeto de implementar nove estações fixas no país, que ficariam constantemente rastreando os satélites que fornecem sinais de GPS.
A primeira delas, montada em Brasília com equipamentos da Nasa, ainda não entrou em operação.
Com um aparelho portátil e referências de duas estações fixas próximas, as coordenadas atingem alta precisão.
Essa precisão é fundamental para garantir a qualidade dos mapas, cuja produção é alimentada pelas medições de campo.
É através dessas medições que são corrigidas distorções causadas pela curvatura da Terra ou pela altitude nas aerofotos que servem de base aos mapas.

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