São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Leia a fala questionada por FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

O trecho do discurso do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, que gerou uma interpelação judicial do PSDB contra o petista não faz referência ao candidato tucano, Fernando Henrique Cardoso.
O discurso de Lula foi feito no último dia 12 de junho, durante comício em São Paulo. A interpelação foi entregue na última quarta-feira na 1ª Zona Eleitoral de São Paulo.
Foi a primeira vez nesta campanha que um candidato à Presidência decidiu entrar na Justiça contra um adversário.
Na quinta-feira, o juiz da 1ª Zona Eleitoral, Otávio Henrique Sousa Lima, acatou o pedido de interpelação e mandou notificar o candidato do PT. Ontem, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh afirmou que ainda não tinha recebido a notificação.
Segundo a interpelação, essas teriam sido as palavras de Lula sobre seu adversário: "Se ele abrisse uma escola de governo, eu não matricularia meus filhos, pois eles iriam aprender a roubar e não a governar".
Ainda segundo os advogados de FHC, Lula chamou seu adversário de "professor de roubos".
Segundo os tucanos, as acusações constituem crimes previstos em lei. O artigo 325 do Código Eleitoral prevê pena de três meses a um ano de detenção para quem "difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação".
É o seguinte o trecho do discurso em que Lula que está sendo questionado na Justiça:
"... E eu tenho certeza que muita gente que tá nesta praça não teve o direito de comer um pedaço de frango hoje.
Porque quando, há dez anos atrás, o peão ia no açougue e comprava pescoço de frango pro cachorro. Hoje, ele não tá conseguindo comprar para ele e para a família comer, porque o salário do trabalhador não permite mais que ele consiga fazer isso.
E eles ainda falam em modernidade. Mais ainda. Eles dizem: `o Lula. O Lula não tem diploma universitário. O Lula não tem competência, não tem experiência.' Qual é a experiência deles?
A experiência deles é criança se prostituindo. É (sic) 32 milhões de indigentes. É criança fora da escola. Essa experiência eu não quero.
Aliás, eu digo sempre que se eles todos tivessem uma escola para ensinar a governar, eu não deixaria meus filhos entrar (sic) porque o máximo que o meu filho ia aprender era roubar e não a governar..."

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