São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994 |
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Bahia começa sua 'festa das mutilações'
LUIZ FRANCISCO
Começou na última quinta-feira, em Cruz das Almas, a "guerra das espadas", que todos os anos provoca ferimentos em dezenas de pessoas. A batalha termina na próxima quinta-feira. Durante a comemoração de São João (noites de 23 e 24 de junho), cerca de 5.000 pessoas se reúnem na principal praça da cidade para participar do evento. A batalha começa geralmente a partir das 18h, quando os grupos rivais chegam à praça Senador Temístocles, no centro. "Basta um pequeno desafio para soltar as espadas", diz Luciene Ribeiro Gomes, 30. Depois de acesa e solta, a espada atinge uma velocidade semelhante à de um rojão. A diferença é que seu percurso é feito no solo. Os fabricantes recomendam às pessoas que não corram quando a arma é lançada. "O ideal é se esconder atrás de árvores ou postes, porque a espada segue o vácuo das pessoas", disse Rogério Gonçalves, 28. Crianças a partir de dez anos, homens e mulheres participam protegidos por óculos, chapéus, luvas, botas e roupas de couro. Todas as casas casas localizadas nas proximidades da praça ficam isoladas por grades e telas. Mesmo com este aparato de segurança, as mortes, mutilações e ferimentos são comuns na "guerra das espadas" –maior atração das festas juninas no interior da Bahia. "No ano passado, três pessoas morreram", disse o juiz da Vara Cível de Cruz das Almas, Augusto de Lima Bispo. Nas três primeiras semanas deste mês, cinco pessoas ficaram feridas e uma morreu em consequência da "guerra de espadas" em Cruz das Almas. Em 93, segundo o hospital Nossa Senhora do Bom Sucesso (o maior da cidade), cem pessoas foram internadas com ferimentos provocados pelas espadas. Os casos mais graves são encaminhados aos hospitais de Salvador, a 142 km de Cruz das Almas. "As queimaduras são mais complicadas quando atingem articulações do corpo", disse a médica Maria Eunice Kalil, da Secretaria de Saúde de Salvador. Texto Anterior: Decreto disciplina festa pela primeira vez Próximo Texto: Debates propõem legalizar as drogas Índice |
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