São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Copa promove a volta dos torneios de 'bafo'

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem videogames, nem computadores. A moda que volta a invadir São Paulo é o "bafo" –bater figurinhas.
Até 16 de julho –um dia antes de terminar a Copa do Mundo– vão ser realizados torneios de "bafo" nos shoppings Penha (zona leste), Ibirapuera e Morumbi (ambos na zona sul).
As figurinhas utilizadas nos campeonatos abordam o tema do momento: Copa. Foram produzidas pela editora Abril Panini.
Quem se inscreve no campeonato ganha cerca de 50 figurinhas, que devem ser colocadas em disputa contra outro inscrito.
Os participantes podem preencher um cupom que dá direito a concorrer a prêmios (bolas, camisetas e chuteiras), dados pelos shoppings.
A disputa dura entre três e cinco minutos. Quem tiver acumulado mais figurinhas fica com o que conseguiu e ganha um álbum.
Durante o torneio realizado sexta-feira no Shopping Penha, era possível ouvir termos como "rapelar" (ganhar todas) ou "lambão" (acusar o adversário de ter lambido a palma da mão para conseguir virar as figurinhas).
A volta do "bafo" às portas das escolas começou, segundo os adeptos, há cerca de dois meses, quando foi lançado o álbum Mundial 94.
Marcus Vinicius Ramos Vieira, 48, diretor da Abril Panini –responsável pelo álbum–, estima que até o final da Copa serão vendidos em torno de 70 milhões de envelopes –cerca de 350 milhões de figurinhas no total.
No álbum relativo à última Copa (em 1990), as vendas foram semelhantes, segundo Vieira. Cada envelope (com cinco figurinhas) custava até ontem CR$ 400,00.
Segundo o diretor da Abril Panini, não existem as chamadas "figurinhas difíceis".
Legalmente, elas existiram até 1973, quando foi promulgada a lei federal 5.988, que obriga as editoras a emitir todas as figurinhas de um álbum em número igual.
Fábio Faleiros de Melo, Rafael Rocha e Athon Segantine, todos com 10 anos e na 4ª série da EPFG Arthur Guimarães, em Santa Cecília (centro), afirmam gastar cada um entre CR$ 5.000 e CR$ 10 mil por semana com figurinhas.
Ruth de Campos, dona da banca de jornais Maria Antônia, ao lado do Mackenzie, afirma que a moda também atacou adultos.
"Muita gente grande diz que compra para os filhos, mas na verdade colecionam mesmo", diz.

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