São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Poupança é melhor opção na travessia para o real

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

A caderneta de poupança é a vedete das aplicações financeiras no Plano Real.
O governo tornou essa aplicação bastante atraente na virada, diz o diretor de finanças do Bamerindus, Vicente Teixeira da Silva.
A caderneta é isenta de Imposto de Renda e foi beneficiada pelo novo cálculo da TR (Taxa Referencial).
A rentabilidade da TR deixou de ser calculada com base nos Certificados de Depósito Bancário –que refletiam também as taxas mais baixas de aplicações em agências– para se atrelarem aos Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), que dão lastro para as operações entre bancos.
O governo procurou deixar as cadernetas atraentes por causa de traumas resultantes de planos econômicos anteriores.
Em 1986, no Plano Cruzado, houve saques expressivos nas cadernetas, devido à queda no juro nominal. No Plano Collor, de 1990, houve bloqueio também das cadernetas.
Salvatore Alberto Cacciola, presidente do Banco Marka, entende que as aplicações financeiras deverão ser bastante atraentes no início do real. Ele trabalha com um juro real (acima da inflação) variando entre 2,7% e 4% ao mês. Ele acredita que as taxas de juros vão ser dosadas, de acordo com o comportamento do consumo. Juro alto faz o consumidor se retrair nas compras, que, intensas, tendem a puxar os preços.
Rene Panozo Guzman, administrador do Lloyds Bank, também recomenda a aplicação em cadernetas, mas acrescenta os fundos de commodities.
Para ele, os fundos têm a vantagem da retirada a qualquer momento após 30 dias.
Teixeira da Silva e Guzman acreditam que os fundos de ações devem ter uma reação positiva no início do Plano Real, mas é uma aplicação de risco. Se cair as cotações por variáveis diversas, o pequeno investidor com mentalidade de curto prazo pode não entender e sair do fundo em momento errado.
Maria Angela Assumpção, diretora do Banco Itamarati, diz que as Bolsas são interessantes "para quem não tem medo do risco". Até mesmo eventos internacionais, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, estão influenciando os índices do mercado acionário do Brasil.
Para quem quer tranquilidade, Assumpção recomenda as cadernetas e os fundos de commodities.

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