São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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'Brasil trabalha certo para ser campeão'

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A PONTIAC

O técnico Tommy Svensson, 49, da seleção da Suécia, enfrenta na terça-feira a equipe em que se inspirou para montar seu esquema tático. "O Brasil é um time poderoso. Sua quantidade de jogadores habilidosos é fonte de inspiração para qualquer treinador", disse.
No comando do time sueco desde 1º de dezembro de 90, Svensson procurou criar uma identidade latina no futebol de seu país. Inspirados na tradição inglesa, os jogadores suecos baseavam seu estilo em lances viris e ataque apenas aéreo.
Svensson tentou modificar, procurando jogadores que exibissem principalmente habilidade, como os atacantes Martin Dahlin e Tomas Brolin. "Já conseguimos um aumento muito grande de qualidade desde a Copa de 90", disse o técnico à Folha, em entrevista na sexta-feira passada.

Folha - O que mais impressiona o senhor no time brasileiro?
Tommy Svensson - A determinação. Acompanho o futebol do Brasil há muito tempo e poucas vezes vi um time tão certo de que será campeão. Acho que esse é a melhor equipe brasileira desde a Copa de 70.
Folha - Por tudo isso, o senhor ainda acredita vencer o Brasil?
Svensson - Não posso falar agora, pois tenho alguns dias para trabalhar o time.
Folha - Mas o senhor considera essa sua tarefa mais difícil, não?
Svensson - Não será fácil, claro, mas o futebol sempre tem suas surpresas. Estamos trabalhando muito para esse jogo. Espero ao menos um empate. Nossa sorte que é o terceiro jogo da fase, o que nos deu chances de observar melhor o time brasileiro.
Folha - Quais observações?
Svensson - A marcação, por exemplo. A Rússia tentou marcar individualmente, o que é um risco. Como é muito habilidoso, o jogador brasileiro consegue driblar com facilidade e derruba o esquema de marcação. Camarões marcou por zona e dificultou mais o Brasil.
Folha - O senhor acha que o Brasil ainda não deu o espetáculo que se esperava?
Svensson - O time vem jogando certo, concentrado para ganhar, sem se importar com o show, que antes era sua preocupação principal e que acabava muitas vezes o derrubando. A tática de agora pode levá-lo ao título. O espetáculo vem em seguida.
Folha - A vitória sobre a Rússia (3 a 1) foi convincente para o senhor?
Svensson - Foi, porque o time criou muitas jogadas de ataque, mesmo enfrentando uma marcação muito forte. Claro que o fato de jogar com um jogador a mais (aos 3min do 2º tempo, o zagueiro russo Gorlukovich foi expulso) facilitou mas, a forma como a Suécia jogava me convencia de que venceríamos.
Folha - Em que diferenciou esse jogo do empate (2 a 2) com Camarões?
Svensson - Dessa vez, os jogadores estavam mais motivados. Eu sentia isso do banco de reservas. E, como tivemos uma série de problemas nos primeiros 15 minutos de jogo, fiquei com medo de que eles se desesperassem.
Folha – Mas o cansaço dos russos facilitou, não?
Svensson - Sim, mas eles se cansaram porque nós os deixamos cansados, principalmente no final do primeiro tempo. Não queira tirar nosso mérito.
Folha - Por que o senhor não permitiu uma grande comemoração depois da vitória?
Svensson - Porque estamos praticamente classificados e não totalmente. Também não quis que os jogadores se empolgassem muito e se desgastassem. Temos um jogo importante na terça-feira.
Folha - Contra a Rússia, as principais jogadas de ataque envolveram o centroavante Martin Dahlin. Como o senhor vai armar seu ataque, já que Dahlin vai cumprir suspensão automática por ter tomado o segundo cartão amarelo?
Svensson - Ainda não sei. Essa foi uma das melhores atuações de sua carreira, mas sei que vamos solucionar a ausência. A vitória contra a Rússia nos motivou e podemos até brigar pela liderança do grupo, vencendo o Brasil.

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