São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994 |
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Liberdade às vezes não passa de ilusão
DAVID DREW ZINGG
O velho jornalista Dave é uma espécie de lixeiro da informação –ele lê principalmente as coisas pelas quais as outras pessoas passam por cima. Seu menu de leitura é composto principalmente por anúncios classificados, obituários e, pasmem, a coluna de cartas dos leitores. Foi na coluna de cartas dos leitores de um jornal da área de San Francisco que eu li uma carta interessante. Era de uma certa sra. Heloisa Edwards, uma senhora brasileira (apesar do sobrenome) que vive nos Estados Unidos há 23 anos. A sra. Edwards desabafou: "A lista de proibições impostas pelos czares da Copa do Mundo me fez lembrar o quanto eu me sinto reprimida na terra que supostamente é a mais livre do mundo. Aqui a liberdade muitas vezes não passa de ilusão. "Os cartolas da Fifa decidiram tudo por nós: as medidas de nossas bandeiras, o comprimento de nossos estandartes e o tamanho dos instrumentos musicais que nos permitem levar ao estádio de Stanford. "Talvez nós brasileiros (sic) não possamos ensinar muita coisa aos Estados Unidos, mas esta cultura poderia fazer bom uso de algumas boas lições sobre como se divertir coletivamente, ficar despreocupado em grupo e curtir um evento esportivo sem violência dentro e fora do campo. "Infelizmente, os Estados Unidos tiraram a diversão, a espontaneidade e o colorido da alma brasileira. "Nós achamos algumas de suas proibições ridículas, exageradas e insultantes... Reprimir, restringir, refrear –esse é o menu que nos estão servindo". É isso mesmo, sra. Edwards! Tio Dave, os demais jornalistas da Folha e de toda a imprensa estrangeira foram forçados, sob protestos, a permitir uma verificação da FBI (polícia federal dos Estados Unidos) em suas vidas. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Grécia e Bulgária lutam pelo 3º lugar Próximo Texto: A segunda dança dos saprófitos de cadáver Índice |
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