São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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ONU dobra gastos com forças de paz em 93

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

As Nações Unidas praticamente dobraram os gastos no ano passado com o envio de Forças de Paz para diversas regiões do mundo.
Foram gastos mais de US$ 3,2 bilhões com essas operações em 1993, contra US$ 1,7 bilhão no ano anterior.
O valor é superior a tudo o que foi gasto, por exemplo, entre os anos de 1986 e 1991 com essas "missões de paz".
Atualmente, existem 70.442 soldados e civis da ONU, os chamados "capacetes azuis", distribuídos em 17 operações em 14 regiões do mundo.
Seis dessas missões começaram no ano passado e apenas três (Índia/Paquistão, Chipre e Líbano/territórios ocupados) são anteriores a 1991.
O número de "capacetes azuis" em ação em 1994 é sete vezes maior do que em 1992.
Relatório das Nações Unidas sobre suas Forças de Paz obtido pela Folha revela a preocupação da ONU com a proliferação de conflitos ao redor do planeta nos três últimos anos.
O número de guerras e refugiados que resultam desses conflitos –a maioria em regiões com um menor grau de desenvolvimento– tem desafiado a capacidade financeira e operacional dos países membros das Nações Unidas para controlá-los.
As missões autorizadas no ano passado (Somália, Ruanda, Geórgia, Libéria e Haiti), por exemplo, devem consumir quase um terço da verba das Forças de Paz da ONU deste ano.
Somados ao US$ 1,2 bilhão programado para a missão na Bósnia-Herzegóvina –autorizada em março de 1992–, os valores gastos em conflitos iniciados nos dois últimos anos têm sido os maiores da história das Forças de Paz da ONU.
A operação da ONU na Bósnia-Herzegóvina é a maior em andamento hoje. Existem atualmente 34.940 "capacetes azuis" na ex-república iugoslava.
A segunda maior operação em termos financeiros e operacionais acontece na Somália, com uma força de 18.952 homens e verba de US$ 1 bilhão.
A operação Somália 2 é a segunda na região, que está em guerra civil desde 1991. Cerca de 690 homens já haviam sido enviados à região em 1992.
El Salvador, na América Central, é um dos poucos exemplos recentes onde a necessidade de intervenção diminuiu. Em 1991, quando a operação da ONU começou, havia 1.000 soldados no país, contra os 250 designados este ano.

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