São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 1994
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Banqueiro é solto após 75 dias de sequestro

DA REPORTAGEM LOCAL

Ezequiel Edmond Nasser, 45, dono do Excel Banco, foi libertado ontem após passar 75 dias em poder dos sequestradores. Foi o segundo sequestro mais longo ocorrido em São Paulo.
Nasser havia sido sequestrado dia 28 de abril, quando voltava para casa, no Morumbi (zona oeste).
Ontem ele chegou em casa por volta das 21h15 sozinho num táxi placas WS 3686, que pegou em São Bernardo do Campo. Ele não quis falar com a imprensa.
Segundo Mauro Lopes, assessor de imprensa do Excel Banco, ele estava "cansado, abatido, mas bem". Sobre os sequestradores, Nasser teria dito que "eram profissionais", afirmou Lopes.
O assessor disse que Nasser ficou num cativeiro onde não sabia se era dia ou noite e que não conversava com os sequestradores, que ficavam encapuzados.
Nasser teria dito que foi obrigado a tomar comprimidos para dormir no dia do sequestro e que no cativeiro ficava tocando uma música alta todo o dia e que as luzes nunca eram apagadas.
Lopes não quis falar sobre o resgate. A Folha apurou que teria sido pago um resgate entre US$ 1,5 milhão e US$ 6 milhões no final de semana. No início do sequestro, havia sido pedido um resgate de US$ 12 milhões.
A quadrilha
A polícia afirmou que o grupo que sequestrou Nasser tem características diferentes de outras quadrilhas de sequestradores já conhecidas pelos policiais. Uma das diferenças seria o pouco uso do telefone para se comunicar com a família.
A polícia também descarta qualquer relação entre o grupo que sequestrou Nasser e a quadrilha que sequestrou Abílio Diniz em 89 e o publicitário Geraldo Alonso Filho, da Norton, em 92.
Nasser voltava para a casa no dia 28 de abril quando foi sequestrado. Ele estava com a mulher no carro (uma Mercedes modelo 500 SEL) e acompanhado de um segurança num Voyage.
Segundo a polícia, os sequestradores usaram três carros: uma perua Quantum e dois Gol. A operação teria durado um minuto.
Nasser estava na avenida Amarilis (Morumbi). Na sua frente estava a Quantum dos sequestradores. Em um trecho em subida da avenida, a Quantum teria freado bruscamente. Nasser foi obrigado a parar.
Naquele instante, um Gol com dois sequestradores parou na pista no sentido contrário. Outro Gol vinha atrás do Voyage do segurança e também freou, impedindo a fuga.
Quatro homens teriam abordado a Mercedes e estilhaçado o vidro. Nasser foi levado por dois sequestradores e colocado no banco de trás da Quantum. O segurança disparou contra os sequestradores e levou dois tiros, na cabeça e no pescoço.
A mulher de Nasser, Joelle, foi obrigada a deitar no chão, durante a operação, e deixada no local.
A pedido da família, a Folha deixou de publicar notícias do sequestro. O Novo Manual de Redação prevê que o jornal "pode decidir omitir informação cuja divulgação coloque em risco a segurança de pessoa ou empresa".

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