São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Conhecer a Terra é fundamental, diz Klink

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>O navegador Amyr Klink observa um globo terrestre em seu escritório
Crédito Foto: Adriana Zebrauskas/Folha Imagem
Observações: ATLAS
Conhecer a Terra é fundamental, diz Klink
"Sem a visão de um mapa, é difícil a sobrevivência de qualquer pessoa, seja ela quem for, seja qual for a situação", diz o navegador brasileiro Amyr Klink, 38.
Klink é o autor de duas renomadas façanhas nos últimos dez anos. Em 1984, foi o primeiro homem a atravessar em um barco a remo o Atlântico Sul, da costa africana ao Brasil. A travessia solitária, de 7.000 km, durou cem dias.
Em 91 e 92, foi à Antártida e "hibernou" seu veleiro Paratii durante exatos 642 dias, preso no gelo. Depois esticou viagem até o pólo norte, no total de 20 mil milhas náuticas (37 mil km).
"É fundamental que as pessoas tenham conhecimento da cultura, da geologia e outras características físicas da Terra", observa.
O navegador critica o fato de não haver no país estudos mais avançados em geoprocessamento (sistema informatizado de dados cartográficos que reúne informações sobre atividades econômicas, telefonia, estradas, população de cidades etc).
"Um país que pretende evoluir não pode respirar sem geoprocessamento. O Brasil está com o fôlego preso", afirma.
Perigo
Com estudos prévios de rota e todas precauções possíveis, Klink também já se viu prisioneiro de situações de emergência em inúmeras viagens.
Certa vez, voando de asa delta motorizada, de Salvador até Parati (RJ), ele se viu obrigado a pousar no centro do Rio, por falta de combustível, acompanhado de dois amigos.
Apesar de estar com o mapa do trajeto no bolso, não conseguiu retirá-lo por problemas técnicos. "Fui pousar dentro do Centro de Tecnologia do Exército, do lado da Casa da Moeda, o lugar mais proibido do Brasil", conta.
Em 92, ao sair da Antártida, rumo ao pólo norte, resolveu parar na Cidade do Cabo (África do Sul). Ao se aproximar do cabo da Boa Esperança, sob tempestade, viveu "um sufoco".
Sem carta náutica da região (mapa com informações para navegação), recorreu a um velho atlas para "estimar" longitudes e latitudes. Safou-se, mas não esqueceu. "Daria dois dedos da mão para não viver aquilo de novo".
(LCD)

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