São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Paulistano erra capital e ignora vizinho

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender de seus conhecimentos geográficos, o paulistano está perdido.
No plano mundial, a maioria absoluta não sabe apontar um país sequer que tenha surgido após o colapso do comunismo.
No âmbito doméstico, a situação também não é diferente. A maioria absoluta não sabe dizer por exemplo qual é a capital do Estado do Rio Grande do Sul.
E mais ainda: uma parcela significativa acha até que o México, na América do Norte, é vizinho do Brasil, na América do Sul.
Os dados foram levantados em pesquisa Datafolha realizada em 30 de junho. Foram entrevistados 630 paulistanos, com idade a partir de 16 anos.
Indagados sobre quais países surgiram ou desapareceram com o fim do comunismo, 80% não souberam dar um exemplo de um novo país e 74% não mencionaram o desaparecimento de qualquer um deles (veja quadro).
O desconhecimento sobre os Estados brasileiros também atingiu altos percentuais. Somente 8% dos entrevistados responderam acertadamente que o Brasil é composto por 26 Estados; 92% não souberam responder.
A cidade de Palmas, de onde veio o novo coração que foi transplantado no humorista Mussum terça-feira passada, foi apontada corretamente por apenas 8% como sendo a capital do Estado de Tocantins; 92% desconheciam.
Mesmo em relação a um dos mais importantes Estados do país, o Rio Grande do Sul, 61% dos paulistanos não souberam dizer o nome de sua capital, Porto Alegre.
Em compensação, entre as principais capitais do mundo, Tóquio obteve uma performance surprendente: 58% a indicaram como capital do Japão. O índice é superior ao de Paris, citada por 52% como capital da França.
Quanto aos países vizinhos do Brasil, na América do Sul, não faltaram disparates. O México, na América do Norte, foi considerado vizinho por 18% dos entrevistados.
Foram mencionados como vizinhos até a Austrália, na Oceânia, e o Japão, na Ásia, ambos com 2%.
E qual o maior rio do planeta? A resposta teve tom "nacionalista": 35% apontaram erradamente o Amazonas enquanto 14% acertaram ao responder que era o Nilo. O rio Tietê foi lembrado por 2%.
Já em relação à maior montanha do mundo, o paulistano foi melhor. Apesar de 65% não saberem qual era, 23% acertaram em apontar o monte Everest.
Avaliação
O paulistano classificou geografia em quarto lugar entre as disciplinas mais preferidas quando cursaram o primeiro grau, com 7%.
A principal eleita foi matemática (37%), seguida de português (23%) e história (12%).
Na auto-avaliação como alunos de geografia, os entrevistados se dividiram: 43% se consideraram ótimo ou bom e 46% se classificaram como regular. Já os professores foram avaliados como ótimos ou bons por 71%.
A maioria absoluta dos paulistanos também revelou não cultivar o hábito de consultar mapas ou guias durante as viagens: 78% disseram que já viajaram para fora da cidade sem fazer consulta a mapas.
A pesquisa revelou também que 20% dos entrevistados já viajaram para o exterior (13% não usaram mapa, 4% usaram muitas vezes e 3% poucas vezes). O restante (80%) nunca saiu do Brasil.

A pesquisa Datafolha é um levantamento estatístico, por amostragem estratificada. A cidade de São Paulo é o universo da pesquisa. O levantamento foi realizado segundo critérios de divisão da cidade em zonas geográficas e classificação sócio-econômica. A margem de erro é de quatro pontos.
A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emília de Franco e a estatística Renata Nunes Cesar. A coordenação e análise da pesquisa foi de Wilson Aghanatios Chammas. A amostra esteve a cargo de Sandra Dorgan.

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