São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Brasil faz a final 'em casa' na Califórnia

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

O Brasil vai contar hoje, no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com o apoio não apenas de estimados 30 mil brasileiros, mas de milhares de norte-americanos e de latino-americanos que vivem na Califórnia (costa oeste dos EUA).
"Acho que todos os californianos vão torcer pelo Brasil", exagera o jogador Cobi Jones, meia da seleção norte-americana, que vai ao jogo de hoje (veja texto abaixo) vestindo verde e amarelo.
O apoio dos moradores desta região dos EUA se deve em parte ao fato de a seleção brasileira estar instalada na Califórnia desde o último dia 26 de maio.
Descontando uma breve escapada para o Canadá, onde disputou um amistoso, e as viagens para Detroit (1 a 1 com a Suécia) e Dallas (3 a 2 com a Holanda), a seleção passou 43 dias na Califórnia, entre Los Gatos e Los Angeles.
A Itália passou toda a Copa na costa leste dos EUA, jogando em Nova York, Washington e Boston.
"Todo mundo aqui vai torcer pelo Brasil", diz a estudante norte-americana Alisson Benites, 19.
Filha de peruanos, Alisson passeava sexta-feira de patins pela praia de Hermosa, em Los Angeles, onde mora.
A estudante vai hoje de manhã com seus amigos a Pasadena na esperança de comprar um ingresso para a partida. "Se não conseguir, vamos assistir pela TV num bar da cidade."
Convém dizer que a paixão de Alisson pelo Brasil tem limites. "Um cambista em Hermosa me ofereceu um ingresso por US$ 1.500. É muito, não?"
Mais brasileiros que muitos brasileiros nos EUA, há torcedores latino-americanos que acompanham a seleção de Parreira como se fosse a seleção de seu próprio país.
"Desde que nasci torço pelo Brasil. É meu time favorito. Tenho ido a todos os treinos e jogos na Califórnia", conta o mecânico Armando Elvis, 34, de El Salvador.
Elvis é tão fanático pelo Brasil que levou sua filha de dois anos ao jogo de praia em Hermosa, na última sexta-feira, entre Brasil e EUA, e colocou uma faixa verde e amarela na cabeça da menina.
Vestindo a camisa da seleção brasileira, o mecânico calcula em 125 o número de salvadorenhos seus conhecidos que estarão hoje no Rose Bowl torcendo pelo Brasil. "Todo mundo em El Salvador apóia o Brasil", calcula.
Os mexicanos também vão em peso ao Rose Bowl com bandeiras e camisas do Brasil. "Desde que o México saiu da Copa me considero, de coração, uma brasileira", diz a mexicana Elena Juarez, 17.
"Todos os meus vizinhos e amigos, umas 200 pessoas, estão torcendo pelo Brasil", diz Elena.
Cerca de 15 mil turistas brasileiros acompanharam a seleção na primeira fase da Copa, calcula o Escritório de Apoio ao Torcedor, montado pelo Itamaraty nos EUA.
Hoje, em Los Angeles, estima Appio Cláudio Acquarone, chefe do escritório, há cerca de 12 mil turistas acompanhando a seleção.
O diplomata acha que, somados aos brasileiros residentes nos mais variados cantos dos EUA, Canadá e México, cerca de 30 mil brasileiros estarão hoje no estádio.
Após 45 dias nos EUA, dando ajuda a torcedores em dificuldades, Acquarone constatou: "A Califórnia virou um lar brasileiro".

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