São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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DUELO FINAL

MELCHIADES FILHO

Não se deve esperar, porém, um grande show. As estatísticas e o estilo dos dois treinadores fazem prever uma partida "travada".
Na comparação, o Brasil leva vantagem. Chuta mais –17 vezes por jogo em média, contra 14 dos adversários. Troca mais passes –461 certos, contra 337. E marcou mais gols –11, contra 8.
Surpresa: o time de Parreira tem a melhor defesa. Permitiu 38 chutes a gol em seis jogos. A Itália foi mais bombardeada: 60 vezes.
Como em todas as partidas de morte, esta deve ser decidida nos detalhes. Além da disputa óbvia entre as estrelas Romário e Roberto Baggio (se este jogar), há mais o que ver pela TV:
1) Comprove a diferença de vocações no meio-campo.
O equilíbrio da Itália está na versatilidade de seus meias, que sabem defender e atacar –Albertini é o melhor exemplo.
O meio-campo do Brasil, por sua vez, é mais "bitolado". Dunga e Mauro Silva priorizam a destruição. Zinho e Mazinho procuram fazer a ligação com o ataque.
Os meias italianos atiram muito a gol, numa média de nove tentativas por jogo. Os brasileiros arriscam menos –seis vezes.
Os meias brasileiros marcam melhor: executam 64 desarmes, contra 40 dos adversários.
2) Acompanhe a marcação italiana sobre os atacantes brasileiros.
A maioria dos times europeus adota o sistema homem-a-homem (em que o defensor atua como um carrapato do atacante).
Sacchi rema contra a maré e prefere a marcação por zona –com a qual se consagrou no Milan bicampeão mundial em 89 e 90. Funcionará contra Romário?
3) Confira as armas-secretas.
Pelo Brasil, Jorginho é o mais perigoso. O lateral atravessa má fase –é quem mais erra passes na defesa e meio-campo da seleção (20% de erros, contra 14% do time). Mas foi de um cruzamento seu que nasceu o gol de Romário, contra a Suécia, na quarta-feira.
Pela Itália, atenção em Dino Baggio, volante que já marcou dois gols na Copa.
4) Fique de olho no poder de marcação de Branco.
Veterano de três Mundiais, o lateral-esquerdo voltou com personalidade ao time. Marcou o gol decisivo contra a Holanda, nas quartas-de-final. Mas contra os suecos, pelas semifinais, falhou em 50% dos desarmes rasteiros. Perigo.

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