São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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PT tem dificuldades para escolher novo vice

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A OURINHOS

As sucessões em 98 estão emperrando a escolha do nome do substituto para o senador José Paulo Bisol (PSB-RS) na chapa presidencial que é encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
A saída de Bisol da chapa já é dada como consumada pelo comando da campanha de Lula.
A única possibilidade de o senador permanecer como vice seria a coligação que apóia o petista (PSB, PPS, PSTU, PC do B, PV e PCB) chegar à conclusão de que não é possível trocar de vice sem fraturar a frente ou o PT.
Dois nomes cotados no PT para vice de Lula, o senador Eduardo Suplicy (SP) e o deputado federal Roberto Freire (PPS-PE), enfrentam restrições internas.
Suplicy, que para um setor importante do PT poderia acrescentar votos a Lula em São Paulo e manter intacto o discurso partidário pela moralidade, é visto como uma ameaça por outros grupos.
Entre os opositores a esta saída, entende-se que, eleito Lula, seu vice imediatamente se tornaria um candidato fortíssimo e natural à sucessão do petista.
Suplicy não é o nome dos sonhos da ala de esquerda do PT, capitaneada por Rui Falcão (presidente do partido), para disputar o Palácio do Planalto em 98.
Freire é para o deputado federal e presidente do PSB, Miguel Arraes (PE), o político ideal para substituir Bisol, de acordo com informações dos petistas.
Arraes quer Freire de vice de Lula para não fortalecê-lo como eventual concorrente ao governo pernambucano em 98.
O presidente do PSB é franco favorito para ganhar o governo do Estado nas eleições de outubro e não quer perder o controle do processo político em Pernambuco.
Só que parcelas significativas do PT e de seus coligados não aceitam que a solução de um problema regional norteie a resolução do imbroglio Bisol.
Rui Falcão e o deputado federal Aloizio Mercadante (SP), ambos membros da coordenação da campanha de Lula, se integraram ontem à caravana do candidato petista no interior paulista para discutir com Lula a saída para o impasse.
Mercadante admitiu "um grande desgaste político" para a campanha depois que surgiram os problemas com Bisol.
"O caso não está encerrado ainda", afirmou Mercadante, que no entanto fez a defesa formal do senador gaúcho.
Lula mostrou ontem que está impaciente com a crise gerada com seu vice. Primeiro, disse que só falaria sobre o caso depois que voltasse a São Paulo (amanhã à noite). Depois, afirmou que a solução passa por todos os partidos da frente. Trata-se de uma maneira de não melindrar o PSB.
"Mas, se depende de mim, o Bisol continua como vice", declarou Lula. No início da noite, voltou-se a comentar a possibilidade de Célio de Castro (PSB), vice-prefeito de Belo Horizonte, substituir Bisol na chapa.
Caravana
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, incorporou-se ontem à caravana de Lula. Estreou com um discurso em Ourinhos com críticas à atuação da imprensa na cobertura da eleição.
O candidato também queixou-se da imprensa. Afirmou que "os jornais já têm um candidato, mas não tem coragem de assumir".
Nas conversas com petistas, Lula tem afirmado que existiria um complô para eleger Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Lula iniciou o dia visitando o bispo de Marília, Osvaldo Giuntini. Expôs seu projeto de reforma agrária e em seguida dirigiu-se a um debate com militantes e empresários da cidade.

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