São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Produtores da cidade apostam na tradição

Vinhos são elaborados com 100% de uvas da variedade

SILVIO CIOFFI
DO ENVIADO ESPECIAL À ALEMANHA

Georg Breuer é sinônimo de vinho Riesling de qualidade desde 1818 na região do Rheingau, onde fica Rüdesheim.
Heinrich Breuer e seu irmão Bernhard, da quarta geração da família no negócio, produzem cerca de 100 mil litros/ano de vinho numa propriedade de 21 hectares.
Eles estão entre os 40 produtores alemães que fazem parte de uma associação fundada em 1984 e designada Charta, responsável pela produção de vinhos com técnicas tradicionais e 100% de uvas da variedade Riesling.
Pela lei bastariam 85% de uvas desta variedade, mas os irmãos Breuer não deixam por menos.
"Quanto menos se faz com o vinho, melhor é", diz Heinrich, 50, provando um de seus famosos vinhos frutados, com aroma e paladar penetrantes.
Heinrich Breuer é tímido, mas fala dos vinhedos da família com a desenvoltura de quem cresceu onde bons vinhos envelhecem.
Para sentir o aroma do Riesling ele aproxima o copo do nariz, fecha os olhos, como a procurar algo especial, e afirma: "Para fazer um bom vinho é preciso ter mais conhecimento do que tecnologia."
Em seguida, bebe um gole de vinho e quase "conversa" com a bebida, fazendo um bochecho.
"Temos uma produção pequena e assim podemos fazer o que é preciso para ter um vinho de qualidade no tempo certo", diz ele.
A colheita nos vinhedos da família Breuer é manual ("auslese"), o que garante a seleção das melhores uvas.
As pequenas uvas brancas da variedade Riesling fazem vinhos de qualidade, sobretudo quando a colheita é tardia ("spãtlese").
Quando o rótulo indicar "spãtlese" é bem provável que o vinho tenha sido elaborado com uvas de maior concentração de açúcares.
Já as palavras "trocken" e "halbtrocken" qualificam o vinho seco e semi-seco.
Mas existem outras palavras que, no rótulo, distinguem o bom vinho alemão, como "Qualitãtswein" e "Qualitãtswein mit Prãdikat", a categoria mais alta.
Alemão não é uma língua fácil e os rótulos dos vinhos precisam ser decifrados com cuidado.
Eles indicam a categoria de qualidade, a região de origem, as variedades de uva, o teor alcoólico e a gradação do açúcar, o ano da colheita e o produtor.
A Drosselgasse, onde estão os restaurantes típicos de Rüdesheim, e os arredores da cidade são um convite aos pecados da boa mesa.
Em uma cidade onde mesmo os vinhos de pouca fama valem um brinde, prefira as casas que têm do lado de fora uma coroa de folhas verdes: ela indica que o restaurante é produtor do vinho que serve.

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