São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994 |
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'Ele era o mais alegre de nós', diz Aragão
ARMANDO ANTENORE
Ontem, nenhum dos humoristas conseguia dizer se a trupe seguirá em frente ou se encerrará a carreira. "Não dá para pensar no amanhã. A dor, agora, é muito grande. Sinto-me como quem perde um filho, um pai, um irmão", balbuciou Renato Aragão pouco antes de deixar o hotel Maksoud Plaza, onde se hospedara, e entrar no furgão que o levaria para o cemitério Congonhas. O comediante estava em companhia da mulher, Liliam Taranto, 26. Usava óculos escuros e chorava muito. "Não queria ficar tão triste. Mussum era o mais alegre de nós quatro. Certamente, ele não gostaria de me ver assim. Mussum transpirava felicidade, nunca desligava a tomada." Assim que saiu do hotel, Dedé também falou do parceiro como se fosse um membro da família. "Era meu irmão, entende?" O empresário do grupo, Geraldo Seves, não quis adiantar nada sobre o futuro. "A doença do Mussum nos pegou de surpresa. É difícil dizer o que acontecerá daqui para a frente. Se depender de mim, os Trapalhões continuam. Mas a palavra final é do Renato". Três horas antes do enterro, um pastor da Assembléia de Deus visitou Dedé Santana no Maksoud. O humorista aderiu recentemente à igreja evangélica. Não raro, aparece em público com a Bíblia debaixo do braço. Ontem, quando saiu do hotel, fez questão de cumprimentar fãs e jornalistas. "Deus os abençoe", repetia. Renato Aragão passou a tarde sob efeito de calmantes. Estava em São Paulo desde quinta-feira à noite. Viera com Dedé para participar da campanha "Criança Esperança", que a Globo promove anualmente. Ontem de manhã, um telefonema o tirou da cama. Era o repórter de uma rádio paulistana: "Renato, queríamos uma palavrinha sobre o que aconteceu." O humorista, sonolento, perguntou: "Mas o que aconteceu?" A resposta: "O Mussum morreu. Você ainda não sabe?" Texto Anterior: O sofrimento dos hospitais Próximo Texto: Apelido foi idéia de Grande Otelo Índice |
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