São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Quem ri por último ri melhor?

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Chega a ser engraçado. O PSDB torcia para que José Paulo Bisol continuasse candidato a vice, explorando ao máximo seu desgaste. Virou o jogo rapidamente e, desta vez, o PT torce para que Guilherme Palmeira não renuncie. Compreensível: a Folha mostra hoje que Fernando Henrique tem uma bomba-relógio no colo.
Em meio a revelações sobre esquemas de corrupção, o ex-motorista da empreiteira Sérvia Otair Silveira disse ontem que teria depositado 15 cheques na conta de um assessor do senador Guilherme Palmeira. Motivo: pagamento pelas emendas apresentadas por Palmeira, supostamente beneficiando a empreiteira.
O caso já está na Procuradoria Geral da República, onde se investiga possível ligação entre Palmeira e a Sérvia. É engrossado, agora, pelo testemunho do ex-motorista. Caindo nas pesquisas, óbvio que o PT vai tentar descontar o desgaste provocado pelo caso Bisol, atingindo Fernando Henrique Cardoso –e, a partir da próxima semana, começa o horário eleitoral gratuito.
Resta ao PSDB agir de duas maneiras. Uma delas como o PT, demorando 30 dias até mudar o vice. O desgaste corre o risco de ser ainda maior: faltam apenas 66 dias até a eleição e o clima está mais nervoso. Não existem, por exemplo, Copa do Mundo ou Plano Real para desviar as atenções.
Uma longa negociação com o PFL será exposta com os detalhes através dos jornais, afetando o ritmo da campanha. Exatamente o que o PT deseja.
Outra solução é deixar tudo como está, mantendo Palmeira. E, aí, rezar para que a denúncia não tenha consistência –e, se tiver, não "pegue". Um risco altíssimo: comprovado o envolvimento promíscuo do senador com propinas, o caso Bisol vira brincadeira de criança para a opinião pública.
PS – Em contato com esta coluna, o advogado Luiz Eduardo Greenhalg, do PT, disse "jamais" coletaria ou usaria dossiês para atingir a vida pessoal de Fernando Henrique Cardoso. Ele afirmou que, apesar das divergências partidárias, é amigo do senador.

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