São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Fipe apura inflação de 6,95% em julho

DA REDAÇÃO

A taxa de inflação ficou bem acima das expectativas em julho. Dados divulgados ontem pela Fipe indicam variação média de 6,95% nos preços em São Paulo. Em junho, a alta havia sido de 4,71%.
No início de julho, os técnicos da Fipe previam taxa entre 3% e 5% para o mês.
Juarez Rizzieri, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, explica o erro de previsão: a aceleração dos preços com as recentes geadas foi maior que o esperado.
Além disso, a passagem da URV para o real foi mais conturbada do que se imaginava. Muitos setores que ainda operavam com cruzeiros reais exageraram no momento da conversão para o real.
O índice de inflação de julho da Fipe foi pressionado, ainda, pela diferença entre o reajuste da URV em junho (46,6%) e o aumento médio dos preços no período (50,75%). Esta diferença acabou se refletindo no índice de julho.
Os 6,95% provêm da comparação dos preços médios de julho, em reais, com os de junho, em cruzeiros convertidos para URV.
A geada foi o maior fator de aceleração em julho. Os produtos "in natura" subiram 35,02% no período. Verduras (72%) e legumes (68%) lideraram as altas.
Alguns produtos chegaram a superar 200%, como ocorreu com abobrinha (245%) e vagem (221%). Outro produto que sofreu os efeitos do frio intenso foi o feijão. A alta no mês foi de 26%.
A geada cooperou para a pressão menor dos preços em pelo menos um item: carne bovina. Com a queima dos pastos, a oferta de boi aumentou, derrubando os preços em 5,43% para o paulistano.
A carne tem grande peso no índice e qualquer movimento dos preços para cima em agosto volta a pressionar a taxa.
Entre os itens que reajustaram acima da média na chegada do real esteve o pãozinho. Mesmo após o acerto com o governo, quando houve queda dos preços praticados inicialmente, este produto fecha julho com alta de 20%.
O setor de serviços, apostando em maior demanda, também fez salgados reajustes de preços. Os pequenos consertos de aparelhos ficaram 19% mais caros, enquanto lavagem de veículos subiu 24%.
Os serviços pessoais subiram 24%, puxados por barbeiro (28%) e cabeleireira (27%). Já os serviços prestados por cartórios ficaram 29% mais caros e os médicos reajustaram preços em 13,2%.
O setor de vestuário, que tradicionalmente tem redução de preços em julho, manteve alta de 2,07%.
Os reajustes de aluguéis (6,74%) ficaram próximos da inflação média, mas deve pressionar a taxa nas próximas semanas, em função de acordos.
A inflação de agosto, a primeira totalmente em real, deve ficar próxima de 2%, diz Rizzieri. O índice tradicional da Fipe teve variação de 30,75% em julho, acumulando 5.161,71% em 12 meses.

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