São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Aviões de Israel atacam Líbano e dez civis morrem

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ataque da Força Aérea de Israel ao Líbano matou ao menos dez civis ontem. Quatro crianças e três mulheres estão entre os mortos.
Um foguete disparado de um avião destruiu uma casa e uma loja em Deir as-Zahrani, sul do país.
O foguete atingiu a casa de Mohammad Taraboulsi. Ele, a mulher e dois filhos morreram.
Os outros mortos e 15 feridos estavam na loja atingida pela explosão nas proximidades da casa.
Os prédios foram totalmente destruídos. Equipes de resgate procuravam sobreviventes ou cadáveres entre os escombros.
Antes do ataque a Deir as-Zahrani, os mesmos aviões israelenses haviam atacado posições do Hizbollah na aldeia de Ain Bouswar.
Três foguetes foram disparados. Não há notícias oficiais de baixas. Os bombardeios –realizados em três missões– começaram às 5h30 locais (0h30 de Brasília).
Um comunicado do Hizbollah distribuído ontem diz que um dos guerrilheiros do grupo foi morto "enquanto cumpria suas obrigações na guerra santa".
O comunicado não dizia se a informação se referia ao ataque aéreo ou a um outro.
Segundo a rádio do Exército do Sul do Líbano -milícia pró-Israel–, acampamentos do Hizbollah foram bombardeados por artilharia e um guerrilheiro morreu.
O Exército de Israel pediu desculpas pelos mortos em Deir as -Zaharani. Segundo a rádio do Exército de Israel, o ataque à casa de Taraboulsi "foi um erro".
Militares libaneses, no entanto, disseram que Taraboulsi e Mohammed Ziwawi, outro homem que moraria no mesmo imóvel, eram tidos pelos serviços de segurança de Israel como integrantes do Hizbollah.
O bombardeios de ontem foram os primeiros desde que Israel prometeu "dura resposta" depois de ataques de guerrilheiros a militares israelenses no sul do Líbano na semana passada.
O Hizbollah, milícia xiita pró-Irã, usa suas bases ao sul de Beirute para atacar a zona de segurança decretada por Israel no sul do Líbano em 1985.
Cerca de mil soldados israelenses e 2.000 integrantes do Exército do sul do Líbano ocupam a área de 15 km de largura ao longo da fronteira.
Desde o início do ano, já ocorreram 28 ataques israelenses dentro de território libanês.
Em julho do ano passado, Israel atacou por uma semana várias partes do Líbano matando 132 pessoas e ferindo 500.
Os EUA e a Síria patrocinaram um acordo entre Israel e o Hizbollah. A milícia xiita pararia de atacar com foguetes o norte de Israel em troca de Israel parar de atacar civis no Líbano. Até ontem o acordo havia sido respeitado.
Teme-se que o Hizbollah cumpra a ameaça de atacar o norte de Israel se civis fossem mortos no Líbano. O ataque também aumentou o medo de um ataque maciço de Israel ao Líbano.
Rumores nesse sentido circulam no país desde que Israel prometeu vingar a morte de soldados na zona de segurança e atribuiu os atentados a bomba em Buenos Aires, Panamá e Londres no mês passado ao Hizbollah.
Para Tel Aviv, a bomba que matou 96 pessoas em Buenos Aires foi uma vingança do Hizbollah pelo pior ataque israelense à milícia no Líbano neste ano.
Em 2 de junho, um campo de treinamento do Hizbollah foi atacado pela Força Aérea de Israel que matou 45 recrutas e feriu 100. O Hizbollah prometeu se vingar em qualquer parte do mundo.
O medo de um ataque de grandes proporções levou a uma série de contatos entre Beirute e Washington durante esta semana.

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