São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Sobra poesia e falta ação em especial

ANNETTE SCHWARTSMAN
EDITORA DO TV FOLHA

Tudo é relativo. Se na última terça-feira, alguém ligou a TV com o propósito de ilustrar-se com trechos de obras de Álvares de Azevedo, Castro Alves, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Dante Alighieri, Horácio, Bocage, Ovídio ou Shakespeare, o especial da Globo "O Poder da Arte da Palavra" foi um prato cheio.
Mas se o intuito do telespectador era apenas o entretenimento, este "Brasil Especial" –adaptado a partir de um conto de João Ubaldo Ribeiro– deixou a desejar.
Independentemente do perfil do público, não se pode negar as qualidades do programa. A começar pela atuação de Jackson Antunes no papel de Robério Augusto –ou Patativa Prateada.
A direção de Tizuka Yamasaki e a produção foram outros trunfos do especial.
A trama inicia com a chegada de Robério a uma cidadezinha, onde logo apaixona a todos com suas declamações que provocam ventos, trovões e tempestades de neve e pétalas de rosa.
Em pouco tempo Robério conquista as mulheres, das quengas –lideradas por Lindinalva (Marisa Orth) e seu impagável sotaque portenho– à acordeonista Margarida Angélica, interpretada por Maria Luisa Mendonça. O trabalho da atriz não compromete: seu rosto sereno e jeito zonzo são a cara da patética personagem.
Mas a qualidade da obra original e da direção e a correção do elenco não bastaram para dar consistência dramática ao especial. O tom fantasioso da narrativa de "O Poder da Arte da Palavra" funciona bem em literatura, mas não sobreviveu à transposição para a TV. Sobrou poesia, faltou ação.

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