São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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Dólar recua e rompe barreira dos R$ 0,90

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar voltou a cair ontem e superou a barreira dos R$ 0,90 (10% de desconto). A moeda norte-americana chegou a ser negociada no mercado comercial (exportações e importações) por R$ 0,899.
No fechamento, o dólar comercial foi cotado a R$ 0,904 para compra e a R$ 0,906 para venda, com queda de 0,66% em relação à sexta-feira e de 3,5% desde o dia 29 de julho.
O "black" acompanhou o movimento de queda e fechou cotado a R$ 0,89 para compra e a R$ 0,91 para venda. O paralelo acumula uma queda no mês de 2,15%.
A Folha ouviu ontem 11 analistas do mercado. Nove responderam que não há limite de queda para o preço do dólar se se mantiverem inalteradas duas características essenciais do atual cenário: 1) a oferta de dólar continua superando a demanda; 2) o Banco Central (BC) não entra comprando.
Até a última sexta-feira, as exportações superaram diariamente, em média, as importações em US$ 47 milhões. Permanecendo este fluxo, a tendência do preço continua sendo de queda. O mercado aposta, porém, em crescimento das importações.
Para quem diz que não limite de baixa, como Luiz Augusto Dias da Silva, do Banco Francês e Brasileiro, o BC não compra porque está preocupado com as metas de emissão de reais (o BC emite real quando compra dólar).
Quem diz que há um limite, como Cândido Bracher, do BBA Creditanstalt, e Luiz Carlos Mendonça de Barros, do banco Matrix, acredita que ou o mercado vai, aos poucos, definir o ponto de equilíbrio ou o BC deverá definir a ponta de compra da "banda" do dólar –a de venda, de US$ 1,00 por R$ 1,00, já foi definida.
Para eles, a atuação do BC no câmbio não é um problema monetário (de emissão), mas fiscal (arrecadação versus gastos do governo). A compra de dólares será seguida da venda de títulos, para "enxugar" a emissão de reais.
Assim, a queda permanece não só porque a oferta é maior, mas porque se está testando o BC.

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