São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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O avanço da Aids

Os dados divulgados na abertura da 10ª Conferência Internacional sobre Aids, no Japão, reafirmam o caráter cada vez mais disseminado da doença, bem como a incapacidade inquietante da humanidade de frear o seu avanço. A Organização Mundial de Saúde estima que já são 4 milhões os casos de Aids no planeta (num total de 17 milhões de portadores do HIV) e que a cada dia aumenta em 10 mil pessoas o número de infectados pelo vírus.
É bem verdade que tais estimativas estão sempre sujeitas a grandes margens de erro, mas a ordem de magnitude dos números basta para explicitar a gravidade do problema. Na mesma direção de uma exacerbação da pandemia apontam ainda o alastramento da doença para áreas antes livres da Aids, como o Sudeste Asiático, e o seu crescimento entre mulheres e homens heterossexuais –grupos não incluídos entre os tradicionais de risco.
O mais chocante é constatar que isso acontece apesar da disponibilidade de informações existente sobre a doença e seus meios de contágio. De fato, se há países que não possuem recursos ou infra-estrutura para combater a doença, outras nações têm todas as condições de disseminar o conhecimento e os meios para barrar a progressão da Aids. Ainda assim, os resultados mostram-se piores que o desejável, o que sugere que as campanhas de prevenção têm sido inadequadas.
É de se notar que tais campanhas fazem sentido não apenas em termos humanos e de saúde pública (sem dúvida os principais) como também financeiros, já que o tratamento de pacientes com Aids pode ser tão demorado quanto custoso.
Nesse sentido, é imperativo, em âmbito global, que as autoridades elaborem campanhas mais eficientes e também que a sociedade comece efetivamente a adequar seus hábitos e comportamentos à nova e dura realidade. Afinal, um aspecto que a conferência deixa mais do que patente é que a cura continua longe e que a Aids é um problema com que a humanidade terá de lidar ainda por muito tempo.

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