São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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Verba eleitoreira é estratégia de Itamar
GILBERTO DIMENSTEIN ; ELVIS CESAR BONASSA
A estratégia tem duplo objetivo: reforçar uma imagem positiva do próprio Itamar Franco no final de seu mandato com combate à miséria e, ao mesmo tempo, ajudar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à Presidência. A Folha revelou ontem que, nos repasses a fundo perdido, o governo gastou entre o início de junho e o dia 11 deste mês R$ 126,3 milhões contra apenas R$ 30,35 milhões nos cinco primeiros meses do ano. O dinheiro está indo para gastos eleitoreiros, que vão de compra de ambulâncias, ônibus escolares e pavimentação de ruas até pequenas obras, como pontes e estradas. O projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, para combater a seca no Nordeste, é outro projeto que se insere na estratégia palaciana. Futuro de Itamar Ao inundar o país com verbas federais neste segundo semestre, Itamar imagina facilitar dois feitos inéditos: eleger seu sucessor, FHC, e sair do cargo com a popularidade em alta. Por essa razão, Itamar tem pressionado seus auxiliares para conseguir resultados rápidos no combate à mortalidade infantil no Nordeste. O presidente quer transformar o caso em uma das marcas do final de seu mandato. O aumento do funcionalismo é outro caso em que a estratégia palaciana foi posta em prática. Itamar apareceu publicamente defendendo um reajuste maior para o funcionalismo –ponto positivo para sua imagem. Depois, ao decidir por um aumento maior para os militares, levou em conta as implicações eleitorais favoráveis a FHC. Nos cálculos palacianos, a estratégia adotada vai credenciar Itamar a sair como favorito para a disputa do governo de Minas nas próximas eleições ou até para tentar o retorno à Presidência da República. Entre assessores, já se especula sobre uma eleição de Itamar Franco em 1998 (leia reportagem abaixoNordeste Nos três últimos meses, a abertura dos cofres da União privilegiou o Nordeste. A região ficou com 30,54% de todo o dinheiro liberado a fundo perdido. O Sudeste, em segundo lugar na divisão do bolo, levou 23,83% e as três outras regiões ficaram com 15% cada uma. O Nordeste é exatamente a região onde FHC apresenta maior fragilidade eleitoral. Além disso, é o maior reduto do PFL, partido coligado ao PSDB na disputa à Presidência. Texto Anterior: Empresários e intelectuais lançam movimento pró-FHC em São Paulo Próximo Texto: Itamar já pensa em voltar ao Planalto em 98 Índice |
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