São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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Itamar já pensa em voltar ao Planalto em 98

DA AGÊNCIA FOLHA,EM JUIZ DE FORA (MG)

Um horizonte que aponta a possível vitória do candidato governista, Fernando Henrique Cardoso, nas eleições presidenciais já está motivando o presidente Itamar Franco a sonhar com a volta ao Palácio do Planalto, em 1998.
A julgar pelas previsões de amigos e assessores, o destino que o presidente traça para si mesmo poderá ser diferente do que ele costuma divulgar: deixar a Presidência e fumar sossegado seu cigarro de palha numa casa de sapê.
O líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), acredita na hipótese de Itamar vir a disputar a eleição presidencial em 98.
"É possível. Itamar vai deixar o governo com um índice de aprovação favorável, superior ao de todos os últimos presidentes", disse.
O presidente da Telerj, José de Castro Ferreira, um dos principais interlocutores de Itamar, já disse que quem apresentar essa proposta (de reeleição) a Itamar "corre o risco de levar uma bofetada".
A maioria, no entanto, acredita na possibilidade de Itamar concorrer ao governo de Minas, desejo que ele acalenta há 12 anos.
Itamar disputou esse cargo apenas uma vez, em 86, e se preparava para tentar de novo, em 92, quando foi surpreendido pelo impeachment de Collor e a chegada quase casual à Presidência.
"Haverá movimento forte para que ele dispute o Palácio da Liberdade", disse o deputado federal Raul Belém (PP-MG). Outro amigo acha que o ideal seria uma nova eleição para o Senado. "Ser governador, agora, perdeu o sentido."
Sem candidato
O presidente Itamar não conseguiu unir as principais lideranças políticas de Minas e acabou ficando sem candidato ao governo do Estado. Seu desejo era buscar um nome de consenso com o governador Hélio Garcia.
O candidato dos sonhos de Itamar era o ex-governador Aureliano Chaves, que não atendeu ao pedido do presidente para concorrer.
"Itamar me convidou para disputar, mas a decisão de abandonar a política é definitiva", disse Chaves, que se filiou ao PSDB na véspera da convenção do partido em Minas Gerais.
A estratégia do presidente era unir o maior número de líderes em torno de uma candidatura única.
Entre março e abril, Itamar chegou a se reunir em Brasília com Hélio Costa (PP), Eduardo Azeredo (PSDB) –ambos candidatos ao governo–, Aureliano Chaves e o governador Hélio Garcia (PTB). Mas o acordo não saiu.
O primeiro ato dessa costura política foi a tentativa de fazer de Hélio Garcia o vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso.
O governador mineiro, porém, não era o nome preferido pelo comando nacional do PSDB.
Com Garcia como vice de FHC, a unificação das lideranças políticas mineiras teria mais chances de acontecer e ajudaria a convencer Aureliano Chaves –amigo do governador– a concorrer.
O presidente da Telerj (Telecomunicações do Rio de Janeiro), José de Castro Ferreira, amigo do presidente, chegou a afirmar que a eleição passaria "obrigatoriamente" pelo governador.
O insucesso da articulação de Itamar favoreceu a candidatura de Hélio Costa (PP), em campanha há quatro anos e líder nas pesquisas.

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