São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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Pakalolo vende suas lojas próprias e amplia franquia
NELSON BLECHER
Serão inicialmente vendidas as lojas da marca localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Os novos proprietários serão integrados à rede de franquia da Pakalolo, que conta atualmente com 76 pontos de venda. Também serão submetidas ao mesmo processo as 28 lojas da Body for Sure, a grife esportiva do grupo. "Eu acredito no efeito barriga no balcão", afirma o empresário Humberto Nastari, 37. Administradas por franqueados, mais familiarizados com os consumidores locais, a receita das lojas deverá crescer entre 10% e 15%. Essa não é a única mudança no pequeno império de Nastari, paulistano que descobriu seu tino para o dinâmico mercado de moda ao empregar-se numa confecção, após ser reprovado no vestibular de Medicina e ter a mesada cortada. Nove anos depois, comprou a indústria do patrão. A Pakalolo, cujo slogan publicitário é "de bem com a vida", foi por ele fundada em 1987. A grife teve expansão meteórica no início desta década, quando chegou a inaugurar uma loja por semana. Ele descreve a montagem da rede própria como uma espécie de acidente de percurso necessário para firmar o conceito da grife. Além de enfrentar o poder de barganha dos grandes magazines nas negociações de preços, Nastari ainda se defrontava com a hesitação dos compradores das lojas multimarcas em adquirir pacotes com linhas de produtos. "Vamos nos tornar no futuro um grupo de marketing e distribuição de produtos", diz o empresário, ao explicar o processo de reestruturação em curso, que transforma indústrias e lojas em unidades de negócios autônomos. Suas sete fábricas passaram a intensificar o fornecimento de produtos para terceiros. A unidade de meias é responsável por 60% da produção sob licença da Nike. "Produzimos 240 mil pares por mês e estamos importando 15 novas máquinas da Itália para ampliar em 30% nossa capacidade", afirma. "Cortamos também o cordão umbilical que ligava as lojas às fábricas". Cerca de 60% dos volumes comercializados nas lojas Pakalolo são provenientes de outras indústrias, como as 40 mil calças jeans encomendadas mensalmente. O objetivo, diz, é reduzir custos fixos nas indústrias e ainda driblar a capacidade ociosa decorrente da sazonalidade do mercado de moda. "É difícil encontrar uma empresa que nos últimos cinco anos não caminhou nessa mesma direção estratégica", afirma o consultor Ricardo Amoroso, um dos autores do estudo que resultou na reestruturação da Pakalolo. Ele atribui o sucesso da grife à habilidade de Nastari de intuir os sinais das tendências que cairão no gosto de seu público adolescente. Os volumes são tidos como segredo estratégico. Ele se limita a revelar que a campeã de vendas é a camiseta (1,2 milhão de unidades anuais) e comercializa 300 mil peças de banho durante o verão. "A terceirização das lojas próprias através do franchising possibilitará à Pakalolo reencontrar sua verdadeira vocação: inovar em produtos e cuidar da imagem", diz o consultor Marcelo Cherto. "As redes tendem a perder eficiência em cada loja na medida em que crescem", diz Cherto. Organizador da Pakalolo Franchising, Cherto informa que mais seis lojas franqueadas serão abertas no semestre. A taxa de franquia em São Paulo custa US$ 50 mil. Texto Anterior: O PSDB e a sina do poder Próximo Texto: Enterro de Machline será amanhã em SP Índice |
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