São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994
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BLACK SABATH

JOSÉ NORBERTO FLESCH
DA "FT"

Se depender de Tony Iommi, guitarrista e líder do Black Sabbath, a idéia de alguns headbangers de assistir Suicidal Tendencies e Slayer e sair para tomar cerveja enquanto o Kiss não entra no palco, no Monsters of Rock, vai por água abaixo.
O músico promete um show "excitante" e anuncia a volta do baterista Bill Ward à banda. Com isso, o quarteto, um dos clássicos do heavy metal que já foi um dos melhores representantes do gênero na década de 70, toca no festival, dia 27, no Pacaembu, com praticamente a formação original.
Falta, claro, Ozzy Osbourne. Em seu lugar vem o fraco Tony Martin. Em entrevista, Iommi, que nem sabia que o Sabbath tocaria num festival (achava que seria um show em dobradinha com o Kiss), defende o "novo" cantor, que já participou do grupo antes, nos piores discos.

Pergunta - Que acha das outras bandas do festival?
Tony Iommi – Que festival? Pelo que sei, faremos um show como Kiss.
Pergunta - Não. O Sabbath será uma das atrações da versão brasileira do Monsters of Rock.
Iommi – Bem, conheço o pessoal do Kiss há anos. Já tocamos juntos muitas vezes. Quanto aos outros dois, não tenho afinidade suficiente para falar muito.
Pergunta - O Sabbath veio ao Brasil em 1992 com a formação do álbum "The Mob Rules" (Ronnie Janes Dio nos vocais e Vinnie Appice na bateria), a segunda melhor desde a saída de Ozzy (em 1979). Na época, vocês promoveram o álbum "Dehumanizer". Depois, não gravaram mais nada e agora voltam com o cantor Tony Martin e participando de um festival. Há algo interessante para o público?
Iommi – Veja bem. Bill Ward está conosco novamente. O fato de conseguir trazê-lo de volta é histórico. Ele sempre teve problemas com álcool. Era difícil sair em turnê com o Bill. Ele me parece OK agora. Só esse fato já é o suficiente para mostrarmos um grande show.
Pergunta - Mas e Tony Martin. Porque ele?
Iommi – Muita gente me pergunta isso e canso de dizer: gosto dele. Ele é ótimo para cantar nossas canções.
Pergunta - Quando Ozzy cantou com o Sabbath (em dezembro de 93, o que resultou na saída de Ronnie, que não gostou da história), pensou que ele voltaria à banda?
Iommi – Sim. A idéia era essa. A oportunidade estava ali. A escolha foi dele.
Pergunta - Depois da nova saída de Ozzy, Rob Halford (ex-Judas Priest) chegou a ensaiar com o Sabbath. Por que não deu certo?
Iommi – Foi ele quem sugeriu os ensaios. Ele é muito bom cantando nossas músicas. Mas depois formou seu próprio grupo (o Fight). Quem sabe, no futuro, ele cante oficialmente na banda.
Pergunta - Glenn Hughes (ex-baixista e cantor do Deep Purple) disse que você o enganou quando o convidou para gravar "Seventh Star". Segundo ele, você teria dito que seria um disco solo seu e, na hora de lançar o álbum, usou o nome Black Sabbath. Não acha que é o tipo de atitude que irrita?
Iommi – "Seventh Star" seria mesmo um disco solo de Tony Iommi. Mas para o lançamento, houve pressões até mesmo da gravadora para que o álbum saísse como um trabalho do Black Sabbath.
Isso prova que os fãs não se irritam. Se fosse assim, a gravadora ia me implorar pra não usar o nome do grupo. Veja, agora, por exemplo. Voltamos quase à formação original. Não há mais sentido em abandonar o nome Black Sabbath.
Pergunta - Num festival, quase sempre há uma banda que "abafa" o show das outras. Não tem medo que o Kiss seja muito melhor e o público saia definitivamente frustrado?
Iommi – Olha, cara, não é uma batalha entre o Kiss e o Black Sabbath. Cada banda fará o melhor para agradar o público.
Pergunta - Foi lançado um álbum-tributo ao Kiss ("Kiss My Ass") com vária bandas tocando as músicas do grupo. Quem estará no álbum-tributo do Sabbath? Você foi consultado sobre o elenco do disco?
Iommi – Sei que Bruce Dickinson, Megadeth e Alice in Chains estão no disco. O Megadeth toca "Paranoid" (clássico do Sabbath). Ouvi a versão e achei muito boa. Não escolhi os grupos, mas estão me mostrando as versões. Talvez, se eu disser que não gostei de alguma, tirem do disco.

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