São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 1994 |
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Cantor recria cada canção
BIA ABRAMO
Para quem conseguiu sobreviver até hoje sem um disco de Cohen, é obrigatório e didático: resume a carreira de uma dos maiores poetas e um dos mais sensíveis compositores da música popular mundial. E, detalhe importantíssimo, o encarte traz as letras das 13 canções do disco. A seleção do repertório foi mais do que cuidadosa. Foi preciosista. Lá estão "Suzanne", "I'm Your Man", hits absolutos desse cantor avesso aos holofotes. Lá estão canções emblemáticas da profundidade quase mística da música de Cohen, como "Hallelujah" e "Who's That Fire" e "Joana D'Arc". Navegando na suavidade do country ou se aproximando delicadamente do tecnopop, Cohen sempre soa como se a música partisse diretamente de sua alma. Suas músicas falam a linguagem dos sonhos, em frases longas e imagens complexas. Por vezes, são diálogos imaginários, travados com mulheres doces e meio doidas ou ainda, deixam emergir apelos desesperados. Cohen, além de letrista genial, é um cantor como poucos. Seus versos longos exigem uma modulação quase perfeita e sua interpretação encharca de emoção até os artigos e preposições. Ao vivo, essa capacidade de conferir sensibilidade, se amplia. Há o público, que aplaude reverentemente cada cancão, e há o artista diante desse público. As músicas crescem, ganham a gravidade dos hinos. As gravações ao vivo também deixam entrever o modo peculiar como Cohen vai recriando cada uma de suas canções –ou, como já disse o compositor mais de uma vez, é sempre a mesma música refeita até o infinito. "I'm You Man", por exemplo, ficou com clima de cabaré decadente. "Suzanne", cantada com indolência, ressalta a sensualidade da versão original. Disco: Leonard Cohen in Concert Lançamento: Sony Preço: R$ 25 (o CD, em média) Texto Anterior: Cohen lança coletânea de músicas ao vivo Próximo Texto: Charlie Haden revisita a Hollywwod dos anos 40 Índice |
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