São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Ordem e contra-ordem

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – O que os soldados do Exército foram fazer em dois morros do Rio no último sábado? Prenderam gente, alguma droga, duas pistolas, usaram equipamento de batalha e até carro blindado sob a alegação de que estavam na captura de armamento privativo das Forças Armadas.
Vale repetir a pergunta: por que eles fizeram isso se o ministro da Justiça garantiu dias antes que estava fora de cogitação a participação das forças militares federais no combate à criminalidade no Rio?
Por que eles fizeram isso se uma eventual e planejada ação conjunta das forças policiais do Estado com as federais só seria decidida após reunião do governador do Estado, o próprio ministro Alexandre Dupeyrat, chefes militares, autoridades e os integrantes do movimento Viva Rio?
Pelo menos isso que foi dito pelo governo do Estado aos líderes do Viva Rio. Mas não foi o que aconteceu.
A eventual participação dos militares federais no controle da criminalidade tem sido cogitada por quem não suporta mais sequestros, balas perdidas, guerra entre traficantes, fuzis AR-15 e outras manifestações de beligerância.
Mas tal participação não pode ocorrer desta forma. Uma unidade militar isolada vai lá, diz que quer suas armas de volta, põe blindados nos becos e detém pessoas como se fizesse isso sempre. Não faz nem deve fazer. Pelo menos dessa maneira.
Não pode o Exército invadir o morro –embora, repita-se, isto possa até ser desejável– porque há uma discussão democrática e constitucional em curso.
A ação dos militares deve ser resultado de um consenso entre todos os interessados e decidida publicamente. Ou será que há motivos para mistérios?
O ministro dizer uma coisa e o Exército fazer outra só contribuiu para aumentar o descrédito e gerar desconfiança. Ou seja: nada que interesse no momento.

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