São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 1994
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Cidade tem 1º homicídio em 54 anos

SARA SILVA
DA FOLHA SUDESTE

O primeiro caso de homicídio da história de Águas de São Pedro (190 km de São Paulo) paralisou a cidade e alterou o comportamento dos moradores.
O duplo assassinato da comerciante Fátima Rinaldi Dante, 40, e de sua neta Maria Virgínia Dante, de um ano, foi o primeiro caso registrado na cidade desde sua fundação, há 54 anos. A polícia ainda não tem pistas dos criminosos.
O comércio ficou fechado ontem pela manhã, durante o velório e o enterro de avó e neta, que aconteceu às 10h no cemitério da Saudade, em São Pedro, a 12 quilômetros da cidade.
Águas de São Pedro é uma estância hidromineral, de 1.800 habitantes. Na única delegacia da cidade os casos policiais mais graves costumam ser acidentes de trânsito e pequenos furtos.
Em julho foram registrados cerca de dez boletins de ocorrência, entre extravios de documentos, pequenos furtos, brigas e perturbação do sossego.
"'E o caso mais grave que a cidade já registrou", disse o delegado titular Luiz Carlos da Fonseca. Ele está no cargo há sete anos.
O crime ocorreu por volta das 11h30 de anteontem.
A filha de Fátima e mãe da criança, a estudante Simone Rinaldi Dante, 18, encontrou as duas mortas em casa, no centro de Águas de São Pedro.
A menina estava deitada no sofá com um tiro no rosto. A avó foi encontrada caída na porta do quarto, com três tiros nas costas, segundo o delegado de polícia da cidade, Luiz Carlos da Fonseca, 40.
Simone voltava do trabalho para almoçar e, ao ver a mãe e a filha mortas, pegou a filha no colo e foi pedir socorro aos vizinhos.
Segundo a caseira Maria de Lurdes de Oliveira, 39, que mora no número 342 da mesma rua, a estudante sacudia o portão da casa porque não conseguia gritar.
"Ela estava com a criança nos braços. Eu achei que a menina tinha caído, mas ela dizia que alguém a tinha matado."
Uma amiga de Simone, Luciana Paula Simões, 19, disse que o crime mudou sua idéia sobre a cidade. "Nunca tivemos disso por aqui. Agora tenho medo de sair de casa e quero mudar", disse Luciana, uma paulistana que abandonou a capital há nove anos com a família com medo da violência.
A comerciante Mariana Silva Gregório, 44, amiga de Fátima, disse ter ficado chocada. "Jamais imaginei que um crime desses fosse acontecer na cidade."
O marido de Fátima, Newton Liberto, 34, disse não ter idéia do que ocorreu. Ele disse que não estava em casa e que Simone tinha problemas de relacionamento com o pai da criança morta, Cláudio William Paul Tuffner, com quem não era casada.
Tuffner mora em São Bernardo e não foi encontrado ontem.
O prefeito da cidade, Paulo César Borges, 37, disse que o crime não deve ter sido cometido por pessoas da cidade.
"Todo mundo se conhece e ninguém teria coragem de fazer isso. A família é querida na cidade."
Borges pretende iniciar um cadastramento dos prestadores de serviços da cidade para fiscalizar o fluxo de pessoas que passam por Águas de São Pedro.
Cerca de 60% dos 3,5 mil moradores da cidade fazem parte da população flutuante, que vem à cidade por motivos ligado ao turismo. Águas de São Pedro é uma estância hidromineral procurada na região de Campinas.

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