São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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Indústria reconquista os EUA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A indústria automobilística norte-americana reconquistou boa parte do terreno perdido nos últimos dez anos para as fábricas japonesas e tornou-se, pela primeira vez, a maior exportadora de automóveis para o Japão.
As três maiores, General Motors, Ford e Chrysler, anunciaram lucros recordes até junho.
O setor espera recuperar este ano 75% das vendas nos EUA, um nível próximo ao de dez anos atrás, quando os japoneses aceleraram negócios no país.
Há três anos, a GM, Ford e Chrysler chegaram ao "fundo do poço", com menos de 70% das vendas de carros nos EUA e prejuízos recordes nas suas operações.
Agora, a GM registra lucro recorde de US$ 1,9 bilhão nos três meses entre abril e junho. O lucro da Ford no mesmo período foi de US$ 1,7 bilhão e o da Chrysler, de US$ 956 milhões.
Mesmo com esses resultados, a margem de lucro nos EUA das três empresas é uma das menores do mundo –varia de 2,7% a 7,2%.
"Os resultados extraordinários anunciados são apenas um começo", diz Joseph Phillippi, analista do setor automotivo da corretora de Nova York Lehamn Brothers. "O futuro promete mais lucros".
As três empresas já estão acelerando nesse sentido.
Até o momento, o fim do vermelho nos balanços foi uma recompensa do ganho de eficiência e corte de custos e empregados, que pressionaram os preços e aumentaram as vendas.
Este ano, as três empresas preparam aumentos nas margens em várias linhas para reforçar o lucro.
No caso da GM, por exemplo, a margem de 2,7% nas vendas nos EUA é a metade da média das operações mundiais. Em números absolutos, a GM vem ganhando US$ 650 sobre cada veículo que vende.
A Ford tem uma margem mais confortável, de 4,2% e ganha, em média, US$ 945 em cada venda. A Chrysler tem a melhor margem, de 7,2%, e ganha US$ 1.360 sobre cada automóvel.
Mesmo com a melhor margem, a Chrysler anunciou no começo do mês que seus carros ficarão 2% mais caros em 1995.
O espaço para aumentar a margem de lucro com preço maior –e não apenas com mais ganhos de eficiência– foi aberto também pela queda de mais de 21% do dólar frente ao iene japonês nos dois últimos anos.
Com o dólar em baixa, os importados japoneses ficaram mais caros nos EUA e os carros americanos mais baratos no Japão.
Em julho, as montadoras americanas ultrapassaram os alemães pela primeira vez como maiores exportadores para o Japão.
As vendas dos EUA naquele país alcançaram 11.536 veículos –80% a mais do que em 93.

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