São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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O repatriamento argentino

CIDA SANTOS

A pouco mais de um mês para o início do Mundial da Grécia, Brasil e Argentina fazem sexta-feira e sábado dois amistosos em Porto Alegre. O jogo já não desperta o interesse de quatro anos atrás, quando Kantor, Conte, Quiroga, Castellani e Martinez, jogadores da mais brilhante geração do vôlei argentino, ainda estavam em quadra. Mas o confronto tem lá sua importância: a Argentina será a primeira adversária do Brasil no Mundial, no dia 29 de setembro.
Castellani, que comandava a equipe contra a geração de Renan e Montanaro, deixou a vida de jogador de lado. Há quase um ano, ele dirige a nova seleção argentina. Tem a missão de reconstruir um time que, nos últimos anos, tem acumulado resultados negativos. A Argentina, medalha de bronze na Olimpíada de Seul, não conseguiu nem sequer se classificar para os Jogos de Barcelona, em 92.
O que se tenta agora é repetir a experiência de 87, quando os principais jogadores argentinos que atuavam no exterior foram repatriados e divididos entre os clubes do país para que pudessem dedicar mais tempo à seleção. Foi uma época de ouro: o time foi campeão do Pré-Olímpico, vencendo Brasil e Cuba, e um ano depois conquistou a medalha de bronze em Seul.
O levantador Kantor, que agora joga no Banespa, diz que o projeto era ambicioso na época e que a economia argentina acabou não suportando seus custos. Nesta temporada, com cifras mais modestas, os argentinos repatriaram sua nova geração, que já atuava em quadras italianas e até brasileiras, como era o caso do atacante Fernando Borrero, que jogava em Suzano.
Para o Mundial, o time não tem muitas pretensões. Castellani trabalha com os olhos voltados mesmo para os Jogos Pan-Americanos de 95, que serão em março na Argentina, e com a preocupação de formar um time competitivo para a Olimpíada de Atlanta. Aliás, os argentinos receberam com alívio a informação que o Brasil deverá mandar uma seleção B ao Pan-Americano.
A luta da Argentina é também para voltar ao circuito mundial. Mas além do time, há outras batalhas para se travar. Kantor diz que o vôlei ainda não é um esporte muito popular no país. A televisão, por exemplo, raramente transmite jogos. Aliás, um dos motivos que impedem a Argentina de disputar a Liga Mundial é a falta de uma emissora que exiba suas partidas. Essa é uma exigência da Liga, que não dispensa o poder da televisão.

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