São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994 |
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Cárdenas quer mudança no Nafta, diz assessor
ANTÔNIO CARLOS SEIDL
A informação é de Arturo Huerta, 47, assessor econômico de Cárdenas, em entrevista à Folha. Cotado para um alto cargo no Ministério da Fazenda de um eventual governo PRD, ele disse que Cárdenas denunciará o Acordo de Livre Comércio da América do Norte como prejudicial. A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida na noite de sábado, na Cidade do México, a menos de dez horas da votação. Folha - Qual é a sua expectativa em relação às eleições? Arturo Huerta - É um momento histórico no México porque é a primeira oportunidade em muitos anos que os mexicanos têm de mudar a correlação política no país. Nunca antes os mexicanos tiveram a oportunidade de participar de um processo eleitoral controlado por observadores nacionais e internacionais. Folha - As medidas antifraude garantirão eleições limpas? Huerta - Vai ser difícil o governo manipular as eleições porque há muita vigilância e ninguém acreditará facilmente em um triunfo do partido oficial com grande proporção dos votos. Folha - Uma eventual vitória do PRI significará fraude? Huerta - O governo fez mudanças no processo eleitoral para que a população acredite mais nas eleições. Mas o governo continua controlando o processo e isso lhes dá margem de manipulação. A única forma de se acreditar numa vitória do PRI é por uma margem de no máximo 15% acima do segundo colocado. Mas acho que a diferença vai ser de 2 a 3 pontos a favor de um ou de outro. Folha - Quem sairá vencedor? Huerta - Cárdenas. Folha - Por quê? Huerta - Porque ele representa a mudança política e econômica de que o país necessita. Folha - Quais as chances de Diego Fernández, do PAN? Huerta - Ele é de direita. Não está comprometido com as mudanças democráticas e defende a continuidade do modelo econômico, da mesma forma que o candidato oficial, num momento em que a maioria dos empresários produtivos e da sociedade clama por mudanças econômicas. Folha - Se eleito, qual será a primeira medida de Cárdenas? Huerta - Buscar um entendimento com o presidente dos Estados Unidos e o primeiro-ministro do Canadá para uma ampla renegociação do Nafta. O acordo tem que ser modificado a favor do México para que o país possa retomar o crescimento. Os economistas do PRD e o próprio Cárdenas consideram o Nafta prejudicial ao México. Folha - Por quê? Huerta - Porque agrava o desequilíbrio comercial. Nosso déficit comercial é de US$ 20 bilhões. Para nós, são necessárias medidas de proteção à indústria do México para evitar mais desemprego e subemprego no país. Cárdenas pretende integrar o sistema financeiro ao setor produtivo porque há muita entrada de capital estrangeiro mas apenas para especulação financeira. (ACS) Texto Anterior: Para investidores, PRI vence eleição Próximo Texto: Partidos buscam voto feminino Índice |
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