São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 1994
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A queda da inflação

O sucesso do plano de estabilização no curto prazo é medido, naturalmente, pelos índices de inflação. A popularidade do programa e do próprio governo tem crescido no mesmo ritmo em que caem os números apresentados pelos institutos de pesquisa econômica.
Após um resultado relativamente alto em julho, apontando uma elevação de 6,95% dos preços ao consumidor, a Fipe vem registrando quedas. Na primeira quadrissemana de agosto o índice baixou para 5,68% e, na segunda, para 4,5%.
Talvez ainda mais relevantes do que os resultados já obtidos, entretanto, sejam as previsões para o final do mês de agosto. As opiniões especializadas convergem na estimativa de inflação entre 1,5% e 2%.
Ainda que persistam naturais incertezas, a tendência declinante dessas previsões tem sua lógica. O razoável alinhamento de preços, salários e contratos, que se verificou durante a vigência da URV, sofreu uma profunda turbulência às vésperas da introdução do real. Nos últimos dias de junho e primeiros de julho os preços deram um salto, resultando em uma espécie de "degrau" inflacionário. Depois disso, entretanto, o espaço para novas elevações ficou bastante reduzido.
A tendência declinante que se observa atualmente nos índices da Fipe deve-se ao impacto cada vez menor desse "degrau", pois a metodologia utilizada compara os preços médios das últimas quatro semanas em relação aos das quatro semanas anteriores. Desse modo, somente no final deste mês o índice estará isento dos movimentos do final de junho, pois resultará da comparação dos preços médios de agosto contra os de julho.
Esse alentador desempenho obtido até o momento não deve, entretanto, fomentar ilusões. O combate à inflação é um processo que exige longo e rigoroso empenho do governo no controle do déficit público. E este, para consolidar-se, depende das inadiáveis reformas que o Executivo e o Congresso até agora, infelizmente, só fizeram adiar.

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