São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Tomates e mães

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO – Recebi dois conselhos que passo adiante e pretendo cumpri-los dentro de minhas possibilidades. Um deles veio do ministro da Fazenda: não devo comprar tomates nessa época do ano. Será a minha contribuição ao bem-estar geral e ao Plano Real de forma particular. Parece que a berinjela está no caso dos tomates, mas não aprecio o produto e passo bem ele.
O outro conselho é mais ético e necessário. Veio do general Newton Cruz, candidato a governador no Rio. "Não bota a mãe nisso!", pediu o general aos manifestantes que o esperavam do lado de fora do estúdio onde houvera um debate entre postulantes ao mesmo cargo.
O bravo cabo de guerra fora xingado de torturador, assassino, fascista, o diabo –a tudo resistiu espartanamente, prometendo processar os acusadores. E mais suportaria em nome da democracia e dos bons costumes da vida pública se a chamada "militância" não extrapolasse.
Estou solidário com o ministro e com o general. (Nesse momento tomo conhecimento, através do programa do TSE, de que há um candidato que atende pelo nome de Graça e Paz. Não é pseudônimo nem alcunha circunstancial, é nome mesmo, de batismo e registro civil. Isso me leva automaticamente a pensar na mãe do candidato, mas o conselho do general me detém.
Voltemos aos tomates e à mãe –mãe geral, de todos, patrimônio de cada um, guardiã de nossa honra. Não é difícil ser bom cidadão nesses tempos complicados. A natureza não está propícia aos tomates e o Plano Real pode ser acusado de tudo menos de tentar subverter a ordem natural da natureza – vale o pleonasmo. Esperemos pela próxima safra.
Com a mãe o furo é mais em cima. Ela não depende de safras. Pelo que estou informado, mãe só tem uma embora todas a tenham. Por isso mesmo, o conselho do general tem alcance social e relevância eleitoral. Daqui para a frente, elas devem ser preservadas. Mãe de candidato não pode ser confundida com mãe de juiz de futebol.

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