São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994 |
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FHC se acha vítima da fala de Ricupero
EMANUEL NERI
Em um primeiro momento, no entanto, FHC está tentando passar a imagem de mais uma vítima das inconfidências do ex-ministro. A amigos próximos, o candidato tucano diz estar "perplexo" e "chocado" com o episódio. "Ricupero se sentiu maior que o real", disse anteontem a um de seus acompanhantes, em Porto Alegre (RS), ao saber da verdadeira dimensão da crise. FHC se considera um dos alvos das declarações de Ricupero, especialmente quando o ex-ministro credita a ele mais prestígio do que ao próprio presidenciável tucano. Em conversas com amigos, o candidato da coligação PSDB-PFL-PTB entendeu essa observação de Ricúpero como manifestação de mágoa e ressentimento. Disse não esperar do ex-ministro esse tipo de tratamento. FHC também se considera traído por Ricupero. Nas suas queixas, o candidato lembra que chegou a propor a permanência do ex-ministro na pasta da Fazenda, caso se elegesse presidente. Além do papel de vítima, FHC também vai tentar limitar os efeitos das declarações de Ricupero ao próprio ex-ministro. O candidato vai dizer que não tem nada a ver com elas. Mas o fato é que FHC está muito preocupado com as consequências da fala de Ricupero em sua campanha. O tucano teme que o episódio reforce a versão de que o real é um plano eleitoreiro com o objetivo de elegê-lo. Se isso não bastasse, ele também não conseguiu convencer Itamar a acatar suas sugestões para o lugar de Ricupero. Seus preferidos eram Pedro Malan e Edmar Bacha. No Rio Grande do Sul, FHC convesou duas vezes com Itamar. A primeira foi na manhã do sábado, na cidade de Rio Grande. O presidente disse que tinha decidido afastar Ricupero. O candidato concordou e tentou emplacar um dos nomes de sua preferência. Fernando Henrique sugeriu que a solução fosse rápida, para evitar maiores problemas. No sábado à noite, de volta a Porto Alegre, FHC conversou novamente por telefone com o presidente. Itamar comunicou sua opção por Ciro Gomes e FHC elogiou a escolha. Logo em seguida, foi a vez do próprio Ciro conversar por telefone com o candidato tucano. Considerava que ainda é cedo para saber se houve estragos em sua campanha. "Mas acho que o real é mais forte do que tudo isso", afirmou. No fim da noite, FHC foi para a produtora de vídeo que faz o seu programa de TV. Discutia-se, entre outras coisas, uma forma de enfrentar a artilharia de que lançaram mão os outros candidatos na TV (leia reportagem sobre o horário eleitoral gratuito na página Especial-5). Texto Anterior: Ex-ministro dizia que era proibido gastar Próximo Texto: Tucanos controlam economia sem intermediários Índice |
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