São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Danças típicas dão início à manifestação

FERNANDO ROSSETI
DE JOHANNESBURGO

Uma assembléia estudantil na África do Sul começa com os negros dançando em roda e entoando "canções revolucionárias", como eles chamam.
Não fosse pelo ambiente universitário e pelas roupas ocidentais, poderia se pensar que se estava defronte a uma tribo em preparação para a guerra.
"A dança eleva o moral das pessoas", afirma o negro Phillip Kepadua, aluno de Administração e membro a Azasco, uma das tendências estudantis no país.
"É muito assustador", diz a loira Hesley Harmse, 18. Quando começou a "campanha da sujeira", ela estava na cantina.
"Ouvi eles cantando, levantei e fui embora", afirma. "Parece muito poderoso." Hesley diz que não quer se envolver com o movimento. "Quero estudar."
Na assembléia de quarta-feira passada na Universidade Witwatersrand, havia 20 brancos para cerca de 300 negros, em proporção inversa a da instituição.
O bom humor chama a atenção. Os negros dão muita risada quando os oradores cometem erros de inglês durante suas falas.
O inglês permite a comunicação entre todos. Há 11 línguas oficiais no país.
As "canções revolucionárias", em línguas africanas, são cantadas durante todo o percurso e a marcha está mais para dança.
Como a passeata de quarta-feira era grande, ela foi dividida em dois grupos, "para as canções não se misturarem", disse o estudante negro Nango Enoch, 19.
Estudantes brancos e indianos não se misturam aos negros. "Não me importo com o que fazem, desde que não atrapalhem as aulas nem quebrem nada", diz o descendente de indianos, Riyaz Surtee, 20.

Texto Anterior: Mandela enfrenta protestos
Próximo Texto: Decisão de ficar na tribo ou viver como branco confunde jovem índio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.