São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Juízes ameaçam 'equilíbrio' democrático, diz OAB

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Os presidentes estaduais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acusaram a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) de ameaçar o equilíbrio entre os poderes da República.
A afirmação está em nota do "colégio de presidentes" divulgada ontem no encerramento da 15ª Conferência Nacional da OAB, realizada em Foz do Iguaçu (.
A principal motivação do documento foi a ação de inconstitucionalidade que a AMB –entidade que representa os juízes– apresentou na terça-feira contra o novo Estatuto dos Advogados.
Os presidentes da OAB afirmam que a associação dos magistrados "vem resvalando para o perigoso terreno da ilegalidade".
O documento acusa a AMB de pretender instalar no país o "feudalismo da toga" e de omitir-se na adoção de medidas contra o nepotismo e a morosidade da Justiça.
Na opinião da OAB, a posição interfere nas atribuições do Poder Legislativo, que votou o estatuto.
Alguns juízes e tribunais se recusam a aplicar determinados pontos do estatuto.
Entre eles, o que exige a presença de advogado em qualquer processo e o que impede que o profissional seja processado por calúnia, injúria e difamação em razão de declarações dadas no exercício da profissão (em juízo ou fora dele).
A "Carta de Foz do Iguaçu", que traz as principais conclusões do encontro, condenou a "utilização indevida do aparelho estatal" nas eleições.
"A democracia exige eleições competitivas e limpas", diz o texto. Um grupo minoritário tentou evitar a manifestação sobre o processo eleitoral, sob a alegação de que a OAB não poderia dar declarações que beneficiassem qualquer dos candidatos.
No grupo contrário ao texto estavam o advogado do PSDB Reginaldo Castro e o ex-presidente da OAB José Cavalcante Neves.
O texto faz referência indireta à declaração do ex-ministro Rubens Ricupero de que escondia índices de inflação: "Não é lícito ocultar à nação nenhum fato cujo conhecimento possa influenciar ou determinar as suas escolhas".
Em seguida, critica o "monopólio das comunicações" e pede a democratização dos meios de comunicação.
A carta faz a defesa do Estatuto dos Advogados e pede a modernização do Poder Judiciário. "Sem a presença do advogado em todos os processos, carece o juiz de legitimidade social", diz o texto.

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