São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994 |
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Estado de alerta Por que, afinal, a poluição se faz sentir tanto neste inverno? Em que pesem fatores climáticos desfavoráveis, como a estiagem e a falta de ventos, há que se indagar se o atual conjunto de ações antipoluição é minimamente satisfatório, tendo em vista os estados de atenção atestados na Grande São Paulo e o estado de emergência decretado em Cubatão. Narinas e olhos irritados insistem em afirmar que não. A poluição não pode continuar a ser vista como uma espécie de sujeira que possa ser escondida debaixo do tapete. Ela representa um elevado custo social que envolve questões delicadas (embora de difícil mensuração), como danos causados à saúde das pessoas, e deve ser combatida de modo preventivo. No caso das grandes cidades, o grande aumento da frota de carros é problema estrutural. A curtíssimo prazo, há que se exercer uma rígida fiscalização da emissão de poluentes de veículos automotores. Mas solução definitiva é oferecer um transporte coletivo de qualidade. Essa meta de longo prazo deve sair do plano das declarações de intenção e ser perseguida de fato. Cubatão, durante o governo Montoro, foi apresentada como uma conquista no campo da despoluição. Hoje, a qualidade do ar na cidade parece estar retornando à estaca zero. Estima-se que as indústrias que foram obrigadas a parar durante o estado de emergência tiveram uma perda de faturamento de US$ 6 milhões. A frieza contábil do dado é ilustrativa da necessidade de investimentos no controle de poluentes pelas indústrias. Não deixam de causar apreensão as informações que dão conta do grau de obsolescência dos equipamentos da Companhia de Saneamento de Tecnologia Ambiental (Cetesb) para aferir a qualidade do ar. Cabe lembrar também os resultados duvidosos apresentados pelo projeto de despoluição do rio Tietê. A soma desses sinais alimenta suspeitas de uma situação que caminha para um descontrole ambiental ainda mais grave. Não se deve dar margem para que o que por ora é ameaça se consubstancie em realidade. Texto Anterior: Relações incestuosas Próximo Texto: Aiatolás de bico grande Índice |
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