São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Alta oficialidade resiste a Ministério da Defesa

JOÃO BATISTA NATALI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas) estima que Exército, Marinha e Aeronáutica tenham hoje, em conjunto, 320 mil homens.
O próprio Emfa é um ministério, o mesmo acontecendo com cada uma das três Armas.
Em teoria, uma proposta que racionalizaria a área militar consistiria em unir toda essa estrutura num único ministério, o da Defesa.
Ainda em teoria, seria um jeito de economizar em áreas-meio, nas quais, por exemplo, estão empregados só no Exército cerca de 13 mil civis.
Mas não há nenhum plano concreto já esboçado nessa direção. Em termos políticos, o assunto assume contornos considerados bem mais complicados.
Em 1987, a proposta de criação do Ministério da Defesa foi vista pela alta oficialidade como uma forma de bloquear o acesso direto dos ministros das três Armas ao presidente da República.
Eliézer Rizzo de Oliveira, em recente estudo sobre as Forças Armadas, afirma que, nos estados maiores, o novo ministério deixou de ser uma proposição defendida isoladamente pelo almirante Mário César Flores, ex-ministro da Marinha e hoje nos Assuntos Estratégicos.
"O Ministério da Defesa não deve ser visto como símbolo da queda do regime militar ou da frustração de soldados profissionais, transformados em marionetes nas mãos de políticos."
A afirmação está num dos artigos da revista "A Defesa Nacional", dedicados ao tema.
Mas em contato com altos oficiais, a Folha apurou que as resistências a essa reestruturação ainda são bastante fortes.
Um único e eloquente sintoma: não há no Emfa nenhum estudo técnico sobre o quanto um eventual ministério unificado economizaria em mão-de-obra ou recursos.
(JBN)

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