São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Supremo entupiu, adverte Pertence

MÁRCIA MARQUES ; FLÁVIA DE LEON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) pode se inviabilizar antes de 1995. É o temor expresso, em entrevista à Folha, pelo ministro Sepúlveda Pertence, que assume em maio próximo a presidência daquela Corte.
Os motivos de seu pessimismo: até o final do ano, deverão dar entrada no STF algo em torno de 30 mil processos, ou 6 mil a mais que no ano passado.
Como são 11 os ministros, e se fosse possível evitar acúmulo, caberia a cada um deles dar 2.800 sentenças.
No caso hipotético de expediente nos 365 dias do ano, seriam quase oito processos diários por ministro, o que daria uma sentença a cada 40 minutos.
O congestionamento do STF é agravado pelo fato de questões que já foram objeto de acórdão voltarem a ser assunto de interpelação.
É o caso dos recursos do INSS contra a decisão, já tomada em sentença, de garantir a aposentados e pensionistas o piso de um salário mínimo.
O ministro Pertence diz ser favorável à inclusão, na Constituição, de dispositivo que obrigue todos os tribunais a acompanharem a decisão daquela Corte.
Outro assunto em discussão seria a adoção, no Brasil, do mesmo princípio que leva a Suprema Corte, nos Estados Unidos, a decidir segundo o "writ of certiorari".
A expressão designa um mecanismo pelo qual a própria Corte decide que tipo de assunto é pertinente para sua pauta.
Esta ou outra solução "acabaria com a explosão da demanda na cúpula" do Judiciário, diz o ministro. Em contrapartida, haveria um represamento nas instâncias localizadas na base, o que poderia ser compensado, segundo ele, pela generalização dos juizados informais (das chamadas pequenas causas).
(Flávia de Leone Márcia Marques)

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